África
Eleições na Guiné visam a legitimação do poder do líder da junta militar, diz especialista
O especialista em relações internacionais, Adalberto Malú, disse hoje, 28, à Rádio Correio da Kianda, que apesar das eleições presidenciais deste domingo, 28, olhando para o contexto político real da Guiné, está-se distante de um pleito verdadeiramente competitivo, com a fraca participação da oposição como sinal da sua afirmação.
Os guineenses votam hoje, 28, para eleger um novo presidente nas primeiras eleições do país desde o golpe de 2021. De acordo com especialistas, as eleições que decorrem com a oposição enfraquecida resultará numa provável vitória do líder da junta, general Mamadi Doumbouya.
“Estamos perante um modelo já conhecido na África Ocidental, onde as eleições são organizadas pelos próprios militares para consolidar a sua permanência no poder”, sublinhou.
Para o especialista, o favoritismo de Doumbouya, não resulta de um debate aberto de ideias e de um grande projecto político nacional, mas sim de um controlo absoluto do Estado, das forças de segurança, e em muitos casos do próprio processo eleitoral.
As eleições são igualmente interpretadas como o culminar de um processo de transição que começou há quatro anos, depois de Doumbouya ter deposto o Presidente Alpha Condé.
O líder da junta procedeu à repressão da principal oposição e dissidência, dizem os críticos, deixando-o sem grande oposição entre os outros oito candidatos na corrida.
Pelo menos mais de 50 partidos políticos foram dissolvidos no ano passado, numa medida que as autoridades alegaram ter sido para “limpar o tabuleiro de xadrez político”, apesar das críticas generalizadas.
Um total de nove candidatos disputam as eleições, e o adversário mais próximo de Doumbouya é o pouco conhecido Yero Baldé, do partido Frente Democrática da Guiné, que foi ministro da Educação no governo de Condé.
Apesar dos ricos recursos minerais da Guiné, incluindo o facto de ser o maior exportador mundial de bauxite, utilizada para produzir alumínio, mais de metade dos seus 15 milhões de habitantes enfrentam níveis recordes de pobreza e insegurança alimentar, de acordo com o Programa Alimentar Mundial.