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Eleições americanas: politólogos analisam relações bilaterais com Angola

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Os cidadãos norte americanos preparam-se para na próxima terça-feira, 3 de Novembro, escolherem o 46º presidente dos Estados Unidos da América, nas eleições presidenciais, marcadas pela crise da pandemia do coronavírus.

Enquanto Donald Trump tenta convencer o eleitorado com a sua política proteccionista republicana, para um segundo mandato à frente da nação mais poderosa do mundo, o democrata Joe Biden ganhou terreno, em quase todas as sondagens das últimas duas semanas.

Donald Trump, em representação à ala conservadora (Republicana), defende o fechar das fronteiras e a valorização e conservação de identidade americana, enquanto que Joe Biden defende a construção de uma América mais aberta e plural (Democrata), sem necessidade de fechar as fronteiras.

Angola, terceiro parceiro estratégico dos EUA na África Subsaariana, com quem tem relações desde 1993, tinha José Eduardo dos Santos como presidente quando, em Janeiro de 2017 Donald Trump chegou à Casa Branca. Agora com João Lourenço no poder, o que poderá mudar na relação entre os dois Estados, caso Trump vença as eleições de 3 de Novembro? E caso Joe Biden seja o vencedor das eleições, haverá influência nas relações EUA-Angola?

O Correio da Kianda ouviu dois politólogos à propósito. Tratam-se de José Pedro, especialista em Administração e Governança, e de Pedro Paposseco, especialista em Desenvolvimento Global e Estudos Internacionais.

Para o politólogo José Pedro interessa à Angola um Estados Unidos com uma política mais expansionista e liberal para o aproximar das relações com outros países, defendida pelo candidato Democrata, Joe Biden.

“Certamente, para os países como Angola, é vantajoso que exista um EUA mais aberto, mais próximo as demais Nações e com uma política mais expansionista e Liberal para o aproximar das Relações com aquele País”, referiu.

Já o pesquisador em Desenvolvimento Global, Pedro Paposseco, residente nos Estados Unidos, entende que o futuro das relações económicas e políticas entre os EUA e Angola poderá depender de quem vença as eleições da próxima terça-feira, mas “se Trump ganhar, é mais provável que as relações Angola-EUA se mantenham imutáveis, especialmente porque a administração de Trump apoia algumas das reformas que estão a ser implementadas pela administração de Lourenço, especialmente o combate à corrupção”, considerou.

No caso de Joe Biden chegar à Casa Branca, Paposseco antevê uma afectação negativa para Angola, pois acredita na possível mudança de posicionamento da política externa americana pelo antigo vice-presidente de Obama.

Uma das razões, pensa Paposseco, é o facto de “os EUA estarem mais interessados em reafirmar o seu papel de liderança internacional para evitar que a China e a Rússia ganhem mais poder e protagonismo em países menos poderosos”, intensificando, desta forma, “as tensões políticas, económicas e militares entre as três super potências, visto que Angola também mantém boas relações com a Rússia e a China, países antagónicos aos Estados Unidos América”.

O também especialista em Administração Pública e Estudos Internacionais, pela universidade americana de Oklahoma, sustenta a sua visão com a visita à Angola, no início de 2020, do Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em que este afirmara que “a cultura da impunidade é destrutiva para o crescimento económico e o bem-estar do cidadão comum angolano”, relembrou.

Curiosidades sobre as presidenciais 

Devido à sua influência política e poder económico, os partidos Democrata e Republicano dominam tanto a cobertura da media e as doações de campanha, reduzindo a possibilidade de um candidato de fora deste sistema elitista ganhar.

Apesar de todas as barreiras políticas e económicas, alguns candidatos como os dos Libertários e do Partido Verde, têm os seus nomes nas listas de candidatos à presidência deste ano. Com isso, para a corrida presidencial de 2020, além do ex-vice-presidente Joe Biden e do presidente Donal J. Trump, outros dois candidatos, Jo Jorgensen (candidata pelo partido Libertário) e Howie Hawkins (candidato pelo Partido Verde) também concorrem.

Na história das eleições americanas não é comum um concorrente não democrata ou republicano vencer as eleições, pois foi há mais de 150 anos, quando um candidato externo à elite (Zachary Taylor, do partido Whig) venceu as eleições presidenciais dos Estados Unidos, na década de 1840.

De acordo com a BBC, apesar de muita atenção ser dada ao candidato democrata Joe Biden e ao republicano, Donald J. Trump, pelo menos 1.216 candidatos apresentaram a sua candidatura à comissão eleitoral federal para concorrer à presidência, incluindo Kanye West, um rapper americano, que veio a anunciar a sua desistência há cerca de três meses. Entretanto muitos destes continuam na corrida para as eleições presidente. Porém, o sistema político federal não permite que os seus nomes apareçam nas listas federais por causa de limitações ligadas ao apoio eleitoral que os mesmos receberam até agora.




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