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Eleições África do Sul: ANC em seu maior teste desde o advento da democracia
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que apostou a sua reputação na reabilitação da imagem do governante Congresso Nacional Africano, está prestes a liderar o partido em seu maior teste desde o advento da democracia quando os sul-africanos forem às urnas esta quarta-feira.
Ramaphosa, cuja trajectória inclui desde a fundação do maior sindicato mineiro do país até se tornar um dos empresários mais ricos, assumiu a presidência em 2018. Apesar de ter sobrevivido a um escândalo de má conduta e sido reeleito para liderar o ANC em 2022, enfrenta desafios consideráveis, como impulsionar o crescimento económico, reduzir o alto desemprego e lidar com os cortes de energia que paralisam o país, questões pelas quais os eleitores planeiam responsabilizar o ANC nas urnas em 29 de Maio.
Com as pesquisas de opinião sugerindo a possibilidade de o partido perder a maioria pela primeira vez em 30 anos, alguns analistas políticos afirmam que Ramaphosa, de 71 anos, poderá enfrentar dificuldades para garantir um segundo mandato.
Ramaphosa desempenhou um papel crucial como principal negociador do ANC durante as conversações que puseram fim ao apartheid, permitindo que Nelson Mandela se tornasse o primeiro presidente negro da África do Sul após a histórica votação multirracial de 1994. Além disso, teve participação significativa na elaboração da progressista constituição do país.
Apesar de seus talentos evidentes, Ramaphosa deixou a política em 1996 para ingressar no mundo dos negócios, enquanto o ANC recém-eleito de Mandela buscava aumentar a representatividade negra nas esferas de poder da nova África do Sul. O actual prefeito de Umngeni, Chris Pappas, concorre para representar a província de KwaZulu-Natal nas eleições nacionais da próxima semana.
Ramaphosa, influenciado por Thabo Mbeki, sucessor eventual de Mandela, retirou-se da política durante o mandato de Mbeki e fundou a Shanduka, uma empresa de investimentos que se tornou uma das maiores propriedades de negros na África do Sul. No entanto, críticos argumentam que políticas de empoderamento económico do ANC, como aquela que beneficiou Ramaphosa, contribuíram para a aquisição de activos a preços desfavoráveis por parte de pessoas ligadas ao partido.
Recentemente, a África do Sul levou Israel ao Tribunal Internacional de Justiça, acusando-o de genocídio, resultando em uma decisão judicial ordenando a Israel que interrompesse os seus ataques militares contra a cidade de Rafah, em Gaza. Israel rejeitou veementemente as acusações.
Na reta final da campanha eleitoral do ANC, Ramaphosa destacou os sucessos do partido ao longo das últimas três décadas, embora críticos apontem a falta de novas soluções para os grandes desafios do país, como a alta criminalidade e a desigualdade social. Em seu último comício antes das eleições, prometeu “fazer melhor”, mas muitos apoiadores deixaram o estádio de futebol de Soweto antes mesmo do término de seu discurso.
Com Reuters