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Egito: Abdel-Fattah el-Sissi vence eleições com 97% dos votos
Abstenção subiu no país, o que pode ser visto como uma pequena derrota para o atual presidente. No entanto, os seus quase 100% de votos demonstram que uma parte dos egípcios, apesar da repressão sobre a oposição, está disposta a abdicar da democracia para manter a estabilidade no país.
O resultado das eleições no Egito já era expectável. Faltava apenas a confirmação oficial e essa chegou esta segunda-feira. Abdel-Fattah el-Sissi venceu as eleições com 97% dos votos, com 41,5% dos egípcios a irem às urnas confirmar o segundo mandato de quatro anos do atual presidente.
As eleições, recorde-se, decorreram entre os dias 26 e 28 de março.
Os quase 100% obtidos por Sissi não são surpreendentes, tendo em conta que apenas teve um oponente: o político, pouco conhecido, Moussa Mustafa Moussa.
Prova de que a oposição ao regime é praticamente nula é o facto de Moussa (que obteve 2,92% dos votos) ser um aliado político do atual presidente, sendo que a sua presença nos boletins de voto é vista apenas como simbólica para que Sissi não concorresse sozinho, tentando esconder, desta forma, a repressão existente aos opositores do regime.
“As eleições foram uma piada e foram completamente fabricadas”, afirmou Sarah Yerkes, do think-thank Carnegie Endowment for International Peace com sede em Washington, à Al-Jazeera.
Com a vitória mais do que adquirida, o que estava realmente em jogo nas presenciais era perceber qual o apoio que o líder militar tem na sociedade egípcia. Nesse sentido, apesar dos seus 97% (o mesmo resultado de 2014), Sissi acaba por ter uma pequena derrota, uma vez que a abstenção foi maior do que a registada há quatro anos, quando 47% dos egípcios foram às urnas.
Apesar de tudo, Sissi conseguiu manter a sua base eleitoral, que vê no ex-líder das forças armadas do país uma forma de estabilizar o país, apesar das constantes violações dos direitos humanos. “Ninguém acredita que ele é um democrata. Ao invés disso, muitos egípcios estão contentes por sacrificar a democracia se isso significar um melhor desempenho económico e mais estabilidade e segurança”, reitera Sarah Yerkes.
Sissi está no poder desde 2013, depois de ter derrubado Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, que chegou à liderança do país, pelas urnas, depois de o ditador Hosni Mubarak ter caído na sequência da Primavera Árabe. No entanto, os militares lideraram um golpe que culminou na queda do partido islâmico e levou o general Sissi, que agora inicia o seu segundo mandato, ao poder.