Educação Financeira
Educação Financeira: O Dízimo
O artigo desta semana de educação financeira é sobre o Dízimo. As pessoas falam, conhecem e doam a sua parte às confissões religiosas. E aqui dar-se-á exemplos de religiões não cristãs.
É verdade que nem todas as pessoas são religiosas e as que são religiosas poucas dão o Dízimo. O que é então o Dízimo, qual é a fonte ou origem que tem influenciado milhões e durante séculos? De seguida vou responder a estas e outras perguntas, mas também vou apresentar as respostas a um inquérito que fiz online (pela primeira vez fiz unicamente online).
O dízimo está tanto no Velho Testamento como no Novo, mas ele era diferente do de hoje. No Velho Testamento, ele é do gado e dos produtos agrícolas, na época das colheitas. Vamos a exemplos no Velho Testamento: “Também todas as dízimas da terra, tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor” (Números 27: 30); e “No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor” (Números 27: 32). “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos de Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação” (Números 18: 21). “Assim também apresentareis uma oferta de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote” (Números 18: 28). Essas instruções foram recebidas e dadas por Moisés. O destino do dízimo, primeiramente, era, os levitas (famílias de sacerdotes), que, por sua vez, davam 10% para o sacerdote Arão, irmão de Moisés.
Havia também um dízimo especial, de três em três anos. E era para uma refeição colectiva de congraçamento, com todos a comer à vontade, e da qual todos da cidade participavam, os levitas, os estrangeiros, os órfãos, as viúvas e os próprios produtores.
No Novo Testamento, ele foi modificado, e, no passado, a Igreja Católica Apostólica Romana (vulgo Igreja Católica) até abusou dele, mas ela evoluiu muito em tudo. Hoje, ela não impõe nada sobre o seu valor, não importando, pois, quem doa nem quanto se doa. Já parte dos protestantes e evangélicos, mais os evangélicos, costumam “abusar” ainda do dízimo.
O dízimo está para uma igreja assim como está o imposto para um governo. Desconfiemos, pois, dos líderes religiosos e governantes, que, reciprocamente, exploram seus crentes com dízimos! “E lhes disse: Está escrito: Minha casa será chamada de casa; vós, porém, fazeis dela uma caverna de bandidos” (Mateus 21: 13).
Jesus não dá muita importância a dízimos: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!, que pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho, enquanto descuidais o que há de mais grave na lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade; é isto que era preciso fazer, sem omitir aquilo” (Mateus 23: 23).
O Islamismo tem uma prática interessante do Dízimo. Quem é rico, paga Dízimo; quem é pobre, além de não pagar, recebe.
Também Paulo, o apóstolo dos gentios, via o Dízimo com certa reserva. Um ensino dele demonstra isso: “Não pedimos a ninguém que nos desse o pão que comemos, mas com esforço e fadiga trabalhamos, noite e dia, para não ser de peso para nenhum de vós” (2 Tessalonicenses 3: 8).
Os resultados do inquérito que fiz online, das 31 respostas que são um número reduzido, mas de alguma forma traduz alguma realidade que se vive no tempo contemporâneo e que de seguida apresento os resultados.
A primeira questão é se os inquiridos têm uma igreja. 90 % responderam que sim.
A segunda questão é se as pessoas que tiveram a gentileza de responder vão semanalmente aos seus cultos. 72,7% responderam que sim. 27,3% responderam que não.
A terceira era sobre o seu rendimento médio mensal. 27,3% responderam que têm rendimentos de 500 mil a 1 milhão de Kwanzas. Em igual percentagem é de rendimentos de 1 milhão e 1 Kwanza a 2 milhões. 18,2% têm rendimentos de 50 001 Kwanzas a 150 mil Kwanzas. 18,2% responderam igualmente de 250 001 Kwanzas a 500 mil Kwanzas. Para fechar, 9,1% partilharam que os seus rendimentos estão no intervalo de 150 001 a 250 000 Kwanzas.
A quarta pergunta é se cada pessoa inquirida está a trabalhar formalmente. 90,9% das pessoas responderam que sim.
Se não está empregada no sector formal, como obtém os seus rendimentos. Dos 10% que estão desempregadas, 100% responderam que estão na informalidade.
Considera que é uma pessoa feliz? 90,9% responderam que sim são felizes. 9,1% responderam que não são felizes.
Quanto dá de Dízimo ou doações à sua igreja? Dão uma média de 500, 1000 Kwanzas, mas a maioria respondeu que varia consoante as suas disponibilidades.
Considera que dar o dízimo (10%) do seu rendimento pessoal a favor da igreja é uma obrigação que vem da Bíblia? 60% responderam que é um dever bíblico. 40% responderam que é um acto livre, voluntário.
Quando dá valores em dinheiro à sua igreja, o que sente?
Das pessoas que responderam, 60% responderam que sentem bem-estar e 40% responderam que dá uma sensação de dever cumprido.
Os tempos que vivemos são muito diferentes dos tempos de há milhares de anos quando ocorreram os eventos bíblicos, sem que com isso eu queira dizer que se devem abandonar os preceitos bíblicos, as crenças e mesmo sobre Deus e a sua existência. Penso que estamos no tempo da consciência e do bom senso. As pessoas que são crentes devem acima de tudo acreditar no seu Deus, nos seus profetas, mas jamais se “compra o céu” com dinheiro “terreno”, nem a salvação na Terra nem nos Céus.
Não doe os seus bens de família, bens de herança a igrejas. Deus não falou ou quem o ouviu e ouve, que são bens materiais que fazem salvar a alma de cada um de nós.