Crónica
Educação Financeira na “Semana do IBAN”
O 50 Cent, o homem que um dia rimou sobre dinheiro, poder e fama, agora parece ter descoberto a verdadeira crise financeira: namorar mulheres bonitas.
Numa declaração que incendiou as redes, o rapper afirmou:
“O meu único negócio com mulheres bonitas termina em admiração… Adoro olhar para elas, todas as formas e tamanhos, mas não as quero perto de mim. Elas requerem manutenção financeira, e eu não estou a tentar falir!”
Ora vejam só! O homem que um dia cantou “Get Rich or Die Tryin’” agora parece mais adepto do lema “Stay Rich and Avoid Tryin’”. Se o 50 Cent, com milhões no banco, já teme falir por causa de um jantar romântico, imaginem o cidadão comum do Rocha Pinto, do Cassoco ou do Mussungue, que mal sobrevive até ao fim do mês.
Talvez o rapper tenha razão. Em Angola, muitos jovens confundem namorar com investir numa startup emocional sem retorno. A diferença é que, na bolsa de valores, pelo menos há relatórios trimestrais; no amor, o relatório vem com emojis e indirectas no estado do WhatsApp.
Mas vejamos o lado educativo da coisa: 50 Cent, involuntariamente, acabou de dar uma aula de educação financeira aplicada ao amor, uma disciplina que devia ser ensinada nas escolas angolanas com urgência, antes que mais corações (e contas bancárias) sejam arruinados por maus investimentos sentimentais.
Quantos jovens angolanos vivem endividados por causa do “romance de luxo”? Compram cabelo brasileiro com cartão emprestado, pagam jantares que custam o mesmo que a propina da faculdade e ainda publicam nas redes sociais: “Amor é investimento.” Pois é, mas esquecem que investimento sem retorno chama-se despesa emocional.
O problema não é amar, é não saber fazer a contabilidade do amor. Há quem invista em alguém que só aparece quando o Wi-Fi está bom ou quando o salário caiu. Isso não é amor, é parceria estratégica de sobrevivência financeira.
Enquanto isso, 50 Cent riu, contou os dólares e saiu pela esquerda, deixando o mundo dividido entre os que o chamam de sábio e os que o chamam de mesquinho. Eu, por mim, acho que ele apenas descobriu o segredo que muitos angolanos ainda fingem não saber: o amor bonito custa caro, mas a ignorância financeira custa a vida toda.
Talvez esteja na hora de Angola lançar uma campanha nacional:
“Aprenda a gerir o seu coração como gere o seu bolso.”
Porque, no fim, a beleza pode ser passageira, mas a dívida… essa tem prestações infinitas.
