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Economia

“Grupo Carrinho fez um favor ao Estado” ao comprar o BCI – Carlos Rosado

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O economista Carlos Rosado de Carvalho disse esta terça-feira, 24, que a compra do Banco de Comércio e Indústria (BCI) pelo grupo Carrinho foi um favor ao Estado angolano, pela situação económica em que se encontrava aquela instituição bancária.

Carlos Rosado de Carvalho começou por recordar que a situação do BCI há muito que já era insustentável, afirmando mesmo que se fosse gestor “só ficaria” se o pagassem.

Lembrou ainda que o valor pago pelo grupo, no processo da privatização não era tão alto, à época, como se propalou, sobretudo nas redes sociais por causa dos seus activos.

“Eu acho que o grupo Carrinho fez um jeito ao governo, ao ficar com o BCI. Porque o BCI, como se prova agora com este aumento de capital é um banco cheio de problemas e que continua com problemas”, disse, tendo acrescentado ainda que está ansioso para “ver se esses problemas são minimizados agora com o aumento de capitais”.

Falando no programa Economia 100 Makas, da Rádio MFM, o também jornalista e docente universitário recordou ainda que a avaliação feita recentemente ao banco provou a necessidade de se recapitalizar o banco, a quando da sua restruturação.

Chamou também atenção para os valores da recapitalização do banco, para a qual “ficaram 27 mil milhões de kwanzas de aumento de capital”, tendo afirmado que prefere esperar pelo relatório dos auditores independentes, pois em um ano o BCI é obrigado a fazer aumento de capital, para 15 mil milhões de kwanzas.

Para Carlos Rosado de Carvalho os a posição e pronunciamento dos gestores do banco podem revelar-se diferente da real situação financeira, na auditoria de peritos independentes.

Entretanto, criticou o Estado angolano pelo facto de ter vendido o banco no estado em que se encontrava, pois em 2021 o auditor independente dizia ter dificuldades de validar os montantes, as taxas de juro e maturidade por não lhes ter sido dada toda a informação para a execução do trabalho de auditoria, como a formalização de contratos, a restruturação das estruturas associadas e o registo actualizado de garantias.

“Portanto, os bancos dizem lá que têm créditos no valor de 50 mil milhões, no caso do BCI dizia que tinha crédito no valor de 52 mil milhões, mas a verdade em que os auditores não sabiam, não conseguiam validar esse valor. Uma parte desse valor, como agora se vem provar, era fantasia, porque era crédito mal-parado” dos clientes.

A razão, explicou ainda Carlos Rosado, é a falta de formalização dos contratos dos referidos créditos mal-parados.

“Nestes casos, recuperar esse dinheiro é difícil, senão mesmo uma missão impossível”, afirmou, acrescentando que antes de vender o banco o Estado devia recuperar o dinheiro através do aumento do capital.

À lista de críticas do economista incluiu a Bolsa de Valores de Angola (Bodiva) por ter aceite vender “um banco nestas condições”. “A bolsa é uma coisa séria. Onde as transações que acontecem na bolsa são de empresas que são avaliadas, que têm as contas em dias e que não têm reservas”.

Como soluções apontou a necessidade de se “continuar a aumentar o capital”.




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