Politica
“É inútil proibir a publicidade de bebidas alcoólicas”, diz Celso Malavoloneke
O docente universitário, Celso Malavoloneke admitiu que não concorda com a lei que proíbe a publicidade de bebidas com teor alcoólico em rádios e televisões angolanas como estabelece a Lei Geral da Publicidade 9/17 de 13 de Março, mas sugere que a propaganda pode ser emitida de maneira pedagógica.
“Não concordo. Essa tem sido a minha opinião. Eu não acho que faça alguma diferença proibir a publicidade de bebidas alcoólicas”, começou por dizer, quando respondia a uma questão do Correio da Kianda sobre uma afirmação em que considerava “inútil proibir a publicidade de bebidas alcoólicas”.
“Eu acho que deve se regular, ou seja, a publicidade das bebidas alcoólica, que é uma realidade na vida das pessoas, deve ser feita de uma forma pedagógica. Por exemplo, em vez de simplesmente dizermos que não passa a publicidade das 7h às 8h, altura que crianças podem ter acesso a esta publicidade, eu penso ser mais realista e até mais ético, que passa uma publicidade que eduque os cidadãos a terem uma postura responsável perante as bebidas alcoólicas. Dizer que não passe é como a gente proibir uma coisa que sabemos que as pessoas vão fazer. Mas as publicidades nos prédios continuam. O legislador quando faz uma lei é para atingir um objectivo, da maneira como está ser feito não vejo este objectivo”, continuou.
O também decano da Universidade Privada de Angola, entende que a lei que regulamenta a publicidade de bebidas alcoólicas no país, por ter ficado muitos anos parada, os responsáveis devem traçar caminhos que atinjam o objectivo da legislação.
“É engraçado que a publicidade é, dos três ramos da comunicação social, Jornalismo e Assessoria de Imprensa, a que dá mais dinheiro. Mas, aqui, a área da publicidade foi a última em que está a fazer este esforço de pensar, regular. A lei da publicidade ficou cerca de 10 anos sem estar regulamentada por vários motivos. É preciso refletir e traçar caminhos. A publicidade é um elemento importante para o lucro das empresas, mas nem sempre as empresas percebem isso”, afirmou.
Quanto o exercício da actividade jornalística e as suas incompatibilidades, um assunto que tem gerado debates acesos na classe, Celso Malavoloneke persiste em defender que um profissional não pode ser jornalista e publicitário ao mesmo tempo, além de ser errado, é ilegal em Angola.
“Eu acho que está errado, sempre defendi que nós temos que separar as águas, o jornalismo, assessoria de imprensa e publicidade são três ramos da comunicação social, mas por razões éticas e ligadas aos conflitos de interesses, em todos os países do mundo não é permitido fazer mais de uma actividade simultaneamente”, defendeu, acrescentando que, em Angola, não é legal e não é ético um jornalista fazer publicidade em simultâneo.
“Se quiser fazer publicidade suspende temporariamente a sua actividade de jornalista e vai fazer publicidade, e quando terminar aquele contrato de publicidade regressa a sua actividade jornalística”, apelou.