Sociedade
Doentes com anemia falciforme reclamam da falta de fármacos nos hospitais públicos de Cabinda
Os cidadãos nacionais que padecem de anemia falciforme na província de Cabinda, dizem estar há mais de 10 anos a enfrentar dificuldades para o acesso aos fármacos.
Pelo menos 700 pessoas que sofrem da doença veem-se obrigadas a recorrer às farmácias privadas da cidade de Cabinda, para conseguir os medicamentos para o tratamento da anemia falciforme.
Entretanto, os mesmos dizem que são poucas as farmácias privadas que vendem estes fármacos. Por isso, praticam preços exorbitantes.
Uma lâmina de comprimidos, segundo os cidadãos, custa 10 mil kwanzas, pelo que a caixa com 10 unidades está a ser comprada nestas farmácias, ao valor de 100 mil kwanzas, o que referem ser “muito alto” para os seus bolsos.
“Está muito difícil conseguir os fármacos, depois pela escassez o valor alterou no mercado. A unica farmácia que nos tem vendido a 10 mil kwanzas a lâmina e a caixa está no valor de 100 mil kwanzas”, disse uma cidadã doente, que acrescentou que o preço tem altera todos os meses.
Lucrécio Marques, outro doente, defende o apoio aos doentes de Anemia Falciforme a semelhança de outras pandemias, como o HIV/Sida e a Tuberculose, que recebem os fármacos de forma gratuita.
“O governo tem apoiado por exemplo, o programa de HIV/SIDA. Os pacientes de HIV/SIDA não só têm tido consultas [gratuitas], mas também recebem fármacos, os anti-retrovirais. O governo também apoia o programa da Tuberculose. Eu tenho a informação que este programa funciona. Os doentes que padecem de tuberculose recebem os fármacos”, relembrou.
O agravamento da situação deu-se em 2019, ano em que a companhia petrolífera Chevron deixou de financiar o programa. A informação foi revelada pelo chefe do departamento de saúde pública, Gabriel Nius.
“Infelizmente, de 2019 até a data presente, o programa nunca mais recebeu aquele apoio anterior que recebia da Chevron. A Chevron concluiu o seu projecto conforme traçado”, disse.
Gabriel Nius acrescentou que um trabalho está a ser feito para incluir a Anemia Falciforme no programa de cuidados primários de saúde, de modos a permitir aos doentes acesso gratuito aos fármacos e tratamento.
“O Ministro da Saúde está a fazer uma luta em colocar a Anemia Falciforme dentro dos programas de saúde pública e merecer uma verba para sustentar este programa. Este projecto está em curso e esperamos que num futuro muito próximo o ministério faça o pronunciamento para incluir [esta doença] dentro do programa dos cuidados primários de saúde”, afirmou.