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Divergência entre Chivukuvuku e William Tonet atinge nível mais alto

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Director do jornal Folha8 fala em falta de coerência por parte do velho amigo, incoerência essa que identificou a Chivukuvuku desde 2013, altura em que Abel cedeu às vontades dos líderes dos partidos que compõem a CASA-CE, que se recusaram e/ou adiaram o cumprimento do acordo constitutivo que determinava a transformação da coligação em partido político logo depois das eleições de 2012.

São dois nomes incontornáveis da política e do jornalismo angolano. Embora em campos de actuação diferentes, Abel Epalanga Chivukuvuku e William Afonso Tonet têm em comum a luta intransigente pela democratização real do país, e juntaram-se na mesma trincheira em 2012, encabeçando a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE).

Fontes indicam que, enquanto presidente da convergência, Abel Chivukuvuku foi, entre os militantes, o principal patrocinador da organização, sendo William Tonet, um dos vice-presidentes, o segundo maior financiador. Havia, entre ambos, naquele ano eleitoral de 2012, uma aliança inquestionável.

Mas o caldo entornou ligeiramente no ano seguinte, 2013, pelo facto de os partidos se terem recusado em transformar a coligação em partido político.

Ou seja, sublinha-se que o acordo entre os líderes dos partidos que compõem a CASA-CE e os quadros independentes (que não tinham partido) como era o caso de Abel Chivukuvuku e William Tonet, visava a transformação da coligação em partido político – o que implicaria a extinção desses partidos fundadores, logo depois das primeiras eleições em que participariam.

Entretanto, depois de sua participação das eleições de 2012 (por via da CASA-CE), em que obteve oito deputados, os líderes dos partidos recusaram a transformação que deveria ocorrer em 2013, na sequência do congresso daquele ano.

William Tonet escreveu uma carta contundente a propósito, dirigida ao presidente da organização, Abel Chivukuvuku. Mas este, pelo menos daquilo que é público, adoptara uma postura de que não tivesse visto absolutamente nada.

Para William Tonet, o ideal seria a ruptura naquela altura, e não manter-se em hipocrisia, face à alegada violação dos acordos.

Durante os períodos que se seguiram, a nível interno, a CASA-CE foi vivenciando outras querelas em que Chivukuvuku e Tonet viram-se em lados opostos. Em 2017, William Tonet não resistiu, e afastou-se da organização.

Em texto lavrado a propósito, William Tonet lamentou o facto de Abel Chivukuvuku ter-se nortado parcial, e de ceder para a realização de reuniões que como objectivo vilipendiá-lo e convocar nenhuma reunião a seu favor.

“Apresentei em devido tempo um pedido de demissão, irrevogável, do cargo de vice-presidente da CASA-CE, bem como a minha decisão, igualmente irrevogável, de não figurar nas listas de candidatos a deputados. Fi-lo por a liderança da CASA-CE nada fazer, até hoje, apesar de instada, várias vezes, desde 7 de Dezembro de 2016, contra as injustiças, insinuações e acusações soezes de que fui vítima, por Lindo Bernardo Tito, vice-presidente, e Leonel Gomes, secretário executivo nacional”, escreve William Tonet.

“Na política (na vida também, mas essa é uma realidade marginal neste contexto) não há coincidências, logo o silêncio não deixa outra interpretação, senão a de ser, irrelevante (ou até, talvez, “temerosa”) a minha contribuição e prestação para a CASA-CE. É uma questão de coerência, pois se o líder defendia publicamente alguns dirigentes, quando estes traíam o processo de transformação, parece estranho não haver coragem e sentido de justiça, para se agendar uma reunião igual à forçada por Lindo Bernardo Tito e realizada com a tentativa de censurar a linha editorial do F8 (como se a CASA-CE fosse dona ou accionista) onde fui alvo de acusações infundadas e vis”, acrescentara o jornalista.

Agora, neste ano (2024), William Tonet voltou a escrever outra carta em que faz inúmeras revelações, e manifesta tristeza face ao velho amigo.

“Fui amigo de Abel, por muitos anos, sendo-lhe fiel, até ao dia que me traiu…”, começou por dizer William Tonet em nova carta.

“Em 2012, sabendo estar, partidariamente, livre convidou-me para o projecto CASA CE, apontado como sendo a terceira via, de que carecia o país… Hesitei, inicialmente, face a coabitação com “políticos-comerciantes”, que cederam os respectivos “alvarás-políticos” (reconhecimento, junto do Tribunal Constitucional), mas, convenceu-me depois da introdução de uma cláusula no acordo da coligação: ‘independente do resultado eleitoral a coligação transformar-se-á em partido político'”, lembrou o jornalista.

Entretanto, enfatizou, o feito de transformação “não se materializou, porque os ‘opacos líderes dos partidos depois de tirarem a barriga da miséria, resistiram (rasgaram) ao cumprimento do acordo, para manter as mordomias mensais, nunca antes conhecida”.

Até ao momento, não se conhece uma reacção de Chivukuvuku, mas William Tonet, em publicações passadas, já acusou o agora presidente do PRA-JA, de produzir textos que visam ferir seu nome e honra com assinatura estranha.




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