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Eleicoes 2017

Distanciamento dos jovens da vida política do país

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Por: Adão Agostinho*

Nota-se, porém,  que os jovens são de qualquer modo esquecidos no processo político e social do país, não existindo assim, uma razão que faça com que eles estejam na linha de frente, isto è,  há quem pense que esses não são capazes de realizar aquelas actividades, outros ainda tecem alguns argumentos que mancham a imagem da juventude, dizendo: “eles só querem tudo rápido, não são humildes; eles devem esperar, porque ainda não é o tempo deles , são ilusionistas”.

Estamos ainda numa sociedade em que ser jovem (nascido na década de 90 ou não), pressupõe esperar e olhar o que os mais velho fazem. É igualmente possível que não se queira dar oportunidades aos jovens pelo facto de não terem sido eles que lutaram para o alcance da independência ou por não terem participado no conflito armado que Angola viveu. 

Chamo à razão a estes dois aspectos (independência nacional e a guerra civil Angolana), porque nota-se que até hoje o maior número de  governantes é composto por pessoas que, de qualquer forma, são já de uma certa idade, ou ainda, na sua maioria são os chamados antigos combatentes veteranos da pátria. 

Em abono da verdade, segundo  dados estatísticos do senso populacional publicados pelo o Instituto Nacional de Estatística (INE), 60% da população Angolana é composta por jovens entre 15 e 25 anos.  Mas, vimos que este dado estatístico, por exemplo, não se reflecte na administração pública do Estado, ou seja: entre os  18 governadores provinciais não se encontra pelo menos  30% de jovens de idades compreendidas entre 30 e 40 anos; dos 54 vice-governadores provinciais não há  jovens de idades compreendidas entre 25 e 40 anos. O mesmo vale também aos ministros  e secretários do Estado e aos administradores municipais. 

Ora, não menos importante é também o quadro dos candidatos a deputados dos partidos políticos e coligação dos partidos políticos.

Cada força política apresentou uma lista de 230 candidatos, perfazendo um total de 1380 candidatos à Assembleia Nacional. Todavia, nota-se uma desvalorização tremenda na aposta dos jovens, já que nas posições privilegiadas estão os anciãos destes partidos, enquanto que nos candidatos efectivos não estão representados pelo menos 40% dos jovens de idades compreendidas entre 25 e 40.

No discurso do vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, proferido na província do Bengo aquando da abertura do ano académico 2017, disse que “em 2015 saíram das universidades e institutos superiores angolanos mais de 14 mil licenciados, um crescimento de 18,9% face ao ano académico anterior”, e este dado estatístico vem demonstrar que a juventude Angolana está, de facto,  cada vez mais capacitada para os grandes desafios do nosso país. 

É aconselhável, portanto, aproveitar esta juventude para o rejuvenescimento da Assembleia Nacional e da administração pública do Estado, visto que até a própria Constituição da República de Angola faz referências a juventude na terceira linha do artigo 81, afirmando que: “A política de juventude deve ter como objectivos prioritários o desenvolvimento da personalidade dos jovens, a criação de condições para a sua efectiva integração na vida activa, o gosto pela criação livre e o sentido de serviço à comunidade”.

* Estudante angolano na diáspora

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