Sociedade
Disputa pela liderança na base da proliferação de igrejas
A proliferação de seitas no município de Luanda é causada pelo desejo de algumas pessoas assumirem a liderança nas igrejas, disse hoje, quinta-feira, o director municipal da cultura, Manuel Gonçalves.
Manuel Gonçalves fez essa afirmação no encontro que manteve com alguns líderes religiosos de congregações sedeadas no distrito do Rangel, com objectivo de sensibiliza-los sobre o respeito para com as normas administrativas quer no exercício dos cultos como na construção dos templos, muitas vezes erguidos sem autorização da administração.
Segundo o director, nos últimos tempos têm-se verificado a proliferação de igrejas em todo município de Luanda, principalmente depois do desentendimento entre os líderes, geralmente motivado pelo facto de todos terem ambição de ocupar o cargo máximo da igreja a que pertencem.
“Muitos líderes vêem na igreja a solução dos seus problemas financeiros, por isso é que fazem de tudo para poderem atingir este desiderato,” fez saber o responsável.
Manuel Gonçalves referiu que existem algumas denominações religiosas que possuem doutrinas que chocam a boa convivência social como aconselhar os fiéis a permanecerem nos cultos das oito da manhã as 22 horas, abandonando assim as suas famílias e outros afazeres para passar todo o dia ao serviço da igreja.
Por seu turno, o arquitecto da direcção de Gestão Urbanística, Construção, Habitação e Cadastro da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, Hélder Cardoso, aconselhou os líderes religiosos a criarem, nos templos, as condições técnicas e de ventilação para melhor acomodar os seus fiéis durante os cultos.
Hélder Cardoso disse que existem locais de culto sem condições em termos de infra-estruturais, mas que acolhem um número elevado de pessoas, pondo em perigo a vida dos fiéis, onde a questão de segurança não é salvaguardada, como por exemplo a implementação de saídas de emergência e a climatização do próprio espaço.
O arquitecto reprovou também atitude de algumas igrejas que insistem em ampliar os seus templos sem olhar para as medidas de segurança, de sonorização e das bases da própria infra-estrutura que foi criada para suportar apenas determinado número de pessoas.
Já o comandante do município de Luanda da Polícia Nacional, subcomissário Eduardo Diogo, apelou a criação de mecanismos que evitem a poluição sonora, já que esta é a constante reclamação dos munícipes para além do congestionamento que fazem ao trânsito com o estacionamento das viaturas dos crentes ao longo das estradas.
Eduardo Diogo aconselhou ainda os líderes religiosos para que coloquem o sistema de vídeo vigilância nos seus templos para inibir os casos de furto e roubo que têm acontecido nas igrejas.
O município de Luanda conta com mais de mil e 300 seitas religiosas e deste número 181 estão reconhecidas pelo Estado angolano e conta com os distritos urbanos da Ingombota, Maianga, Rangel, Samba, Sambizanga e Neves Bendinha.