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Eu discordo que Mateus Cristóvão, Mateus Gonçalves, Maria Luísa Fançony, Ismael Mateus, Sebastião Lino e outros jornalistas antigos dirijam a RNA ou TPA.

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Sebastião Lino pode ter ido a membro do Comité Central do MPLA, mas não pode ser por isso que deve ser PCA (Presidente do Conselho de Administração) da Rádio Nacional de Angola (RNA). Eu até acho que quem é militante de um partido não deve ser jornalista. É preciso que os jornalistas sejam de facto apartidários. É preciso retirar as militâncias da comunicação social. Isso foi um grande mal para nós, porque os militantes não conseguem, geralmente, separar as águas. Provou-se isso.

A história mostrou-nos o nosso erro: misturar militâncias com jornalismo. Sebastião Lino é administrador para a informação da RNA. Por que não conseguiu mudar a linha editorial da informação da RNA?! Atropelou-se várias vezes a Constituição a “ouvidos nus”. O que a LAC fez de diferente?! O que o Mateus Cristóvão fez de diferente na Rádio Luanda?! O que o Ismael Mateus fez de diferente na RNA e na LAC?!

Não tenho nada pessoal contra ninguém. Estou a dar a minha opinião honesta. As pessoas visadas tiveram oportunidade de mudar o nosso jornalismo falado. Nunca conseguiram mostrar um melhor jornalismo, porquê?! Só agora é que vão ter voz para mudar?! Porque João Lourenço autorizou?! Não conseguiram mudar a nossa comunicação social. É um facto. Nunca saíram das teorias à prática. Essa é a verdade nua e crua. Por que não lutaram para uma comunicação social exemplar?! Também se alienaram ao sistema governativo com todos os seus males que causaram aos angolanos. Podiam ter feito diferente, mas não fizeram. Deixaram-se levar pelo “mal fazer”.

Hoje, a sociedade não respeita os jornalistas, porque perdemos a autoridade moral sobre ela (a sociedade). A comunicação social tem de ter autoridade moral sobre os cidadãos. Senão, é tudo menos comunicação social. Os jornalistas têm de ter autoridade moral sobre os cidadãos. Não basta falarmos bem ao microfone e não sermos coerentes com o que aprendemos. Por exemplo, muita gente chegou ao microfone sem mérito. Por que esses profissionais, que sabem o correcto, se mantiveram calados e alguns até promoveram quem nunca devia estar a falar ao microfone?!

Salvo melhor opinião, deve-se dar oportunidade a novos rostos. Na imprensa falada, temos jovens jornalistas – e alguns antigos – que já mostraram a sua competência e alguma verticalidade, embora alguns se tenham deixado desviar, fruto do sistema que imperava/impera.

Temos jornalistas competentes que nunca se aliaram ao mau jornalismo, embora tenham sido obrigados a fazer mal algumas vezes pela tal linha editorial, o suspeito do costume, dos seus órgãos. Eles sempre se bateram para um jornalismo diferente do que fizemos – e ainda fazemos! – e nunca lhes foi dado oportunidade de chefia para mostrarem que podem fazer diferente. E muitos até foram marginalizados pelo sistema. Temos o Reginaldo Silva, a Amélia de Aguiar, o Amílcar Xavier, o Arlindo Macedo, o João Pinto (Joao P Pinto), o Paulo Miranda Júnior, o Estanislau Garcia, a Mara D’Alva, o Eduardo Victor Rocha e outros jovens jornalistas competentes nas rádios e televisões, que podiam muito bem ajudar a mudar a nossa comunicação social, errada desde há muito tempo.

Não podemos pensar que têm de ser sempre as mesmas pessoas nas chefias, como se não existissem outros cérebros. Cada um deve ter a sua vez. Não tenho nada contra os visados, mas acho que seria uma incoerência total, tendo em conta os discursos do Presidente da República, João Lourenço, promover quem também ajudou a fazer mal; quem não foi capaz de corrigir o que esteve mal a céu aberto. Tiveram o seu tempo. Agora, que se dê oportunidades a outros rostos, porque também são angolanos competentes e merecem as mesmas oportunidades.

O mérito e a honestidade intelectual devem ser os nossos principais requisitos para a promoção dos profissionais de qualquer órgão. Os cidadãos angolanos têm de sentir que a comunicação social é um exemplo do que pretendemos para o país.

Repito: não tenho nada pessoal contra os visados. É a minha opinião e assumo-a.

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