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“Dias melhores”. A promessa de Ramaphosa aos sul-africanos na tomada de posse
Presidente foi reeleito na quarta-feira pelos deputados depois da vitória do ANC nas legislativas de 8 de maio.
Foi sob um céu azul e diante de mais de 36 mil pessoas reunidas no estádio de râguebi de Pretória que Cyril Ramaphosa prestou juramento como presidente da África do Sul. O líder, de 66 anos, foi reeleito para a chefia do Estado pelos deputados na quarta-feira, depois de o seu partido, o Congresso Nacional African (ANC, na sigla em inglês) ter vencido as legislativas de 8 de maio.
“Uma nova era começa para o nosso país. Melhores dias vêm aí para a África do Sul”, afirmou Ramaphosa, antes de exclamar: “Chegou a hora de construirmos o futuro ao qual aspiramos”.
No poder desde ao fim do apartheid, em 1994, o ANC conseguiu renovar a maioria na Assembleia Nacional, apesar de ter obtido o pior resultado de sempre – 57,5%. Um reflexo da perda de popularidade do partido que foi de Nelson Mandela – o símbolo da luta contra o apartheid e o primeiro presidente negro após o fim da segregação racial.
Apesar dos progressos dos últimos 25 anos, a África do Sul continua a ser um dos países com as maiores desigualdades do mundo – com o desemprego acima dos 27%, a pobreza e a corrupção a serem os principais problemas.
“Proclamamos que quando celebrarmos os 50 anos da nossa libertação, as necessidades de todos nesta terra serão atendidas. Chegou a hora de construirmos para o nosso país o futuro que desejamos”, garantiu Ramaphosa, mal se calou o barulhos dos caças que desfilaram pelos céus antes da cerimónia. E afirmou: “Vão ver a mudança”.
Desde a sua chegada ao poder há um ano que Ramaphosa tem prometido ultrapassar a herança de escândalos politico-financeiros do antecessor, Jacob Zuma.
Acusado de corrupção, Zuma não esteve presente na posse no sucessor. “Não tenho tempo, estou a lutar para evitar a prisão”, explicou na sexta-feira à saída do tribunal em Pietermaritzburg.
Mas a limpeza prometida por Ramaphosa está a demorar, pelo menos aos olhos dos seus críticos.
Economia em crise
Além disso os últimos dados económicos não são animadores. O desemprego voltou a subir – de 27,1% para 27,6% – e o Banco Central acaba de rever as baixas as previsões de crescimento – de 1,3% para 1%.
A oposição, quanto a ela, promete vida dura para o presidente. “É preciso que o governo se livre de todos os criminosos”, apelou Mmusi Maimane, o líder da Aliança Democrática. Já Julius Malema, o dirigente dos Combatentes para a Liberdade, foi ainda mais longe, garantindo que se Ramaphosa mantiver no cargo Pravin Gordhan, o ministro das Obras Públicas suspeito de favorecimento a um dos seus colaboradores, “saberemos que não é diferente de Zuma”.
DN