Sociedade
Dia do Educador: professores do ensino particular fazem jornadas triplas para aumentar renda e manter a família
O país celebra hoje, 22 de Novembro, o Dia Nacional do Educador. Esta data serve para reflectir sobre o papel do educador na sociedade, e sobre as implicações sociais da sua actividade na construção de um mundo moderno e globalizado. Em Luanda, assim como nas demais províncias, professores do ensino particular são obrigados a triplicarem ou mesmo quadruplicarem as suas jornadas para aumentar a renda e minimizar os gastos mensais.
Em alusão a esta efeméride, a equipa do Correio da Kianda falou com profissionais de algumas escolas do ensino particular do município de Cacuaco, que revelaram ter salários baixos e obrigados a ter três ou quatro empregos e sobreviverem de empréstimos para pagar as contas do mês.
Segundo apurou o nosso jornal, “esta é a rotina de grande parte dos professores da rede privada de ensino no país, muitos deles pós-graduados”. De realçar que recentemente, noticiamos a história do professor Osvaldo Tomás, formado na Universidade de Santiago, em Cuba. Numa entrevista conduzida pelo jornalista António Sacuvaia revelou que ficou um ano a procura de emprego e teve a sorte de encontrar um colégio privado, onde foi aceite para trabalhar, dando aulas, com uma remuneração mensal de 60 mil kwanzas.
De volta à Luanda, o professor Nelson Rodrigues Mucanda disse que não consegue “dar conta de pagar minhas contas mensais”. Com 34 anos, o educador lecciona no ensino primário, primeiro ciclo e segundo ciclo do ensino geral. “Esse mês nós temos que conseguir pagar renda da casa, luz e saldo no telefone”, disse.
Já outro professor que não quis ser identificado disse que a sua renda líquida média não passa de 25 mil kwanzas por mês, o que o impede de investir na sua formação acadêmica. “A pessoa se forma, quer trabalhar e chegar a um ambiente organizado, com tranquilidade. Mas aí passa por dificuldades. É bem difícil mesmo”, lamentou.
“Não tem como sobreviver dando aula em apenas uma escola, o salário é muito pouco, faço jornada tripla dando aulas de manhã, a tarde e de noite, afinal, a profissão de professor não está tão fácil”, conta. Ele afirma que é impossível pagar as contas dando aulas em apenas uma escola.
Fernando Chacoma disse que o trabalho acaba por preencher parte dos dias de folga. “Além das aulas, temos que levar para a casa as provas e trabalhos para corrigir. Temos que fazer pautas, relatórios e planejamentos de aulas”, afirma e diz que as vezes só mesmo as noites que passa com a família.
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