Ligar-se a nós

África

Dez mulheres no topo do poder na Namíbia

Publicado

em

O mundo está ávido por ver o que virá a ser da Namíbia nos próximos tempos, agora que as mulheres tomaram as rédeas do país. Em muitos círculos refere-se que o planeta seria um melhor lugar para se viver se as mulheres tivessem o seu controlo total.

Dez mulheres estão no topo do poder na República da Namíbia. O povo depositou confiança eleitoral a Ndemupelila Netumbo Nandi-Ndaitwah, que acabou por ser eleita presidente com 57,31% dos votos.

E diferente do passado, o Gabinete Presidencial, o coração do poder namibiano, tem hoje mais mulheres em relação a homens. Além da própria Chefe de Estado, a vice-presidência da República também é ocupada por uma mulher, a política e académica Lucia Witbooi.

A seguir a essas duas “importantes” figuras femininas, há mais oito mulheres no Gabinete, contra nove homens, entre os quais o actual Primeiro-ministro.

Entretanto, o mundo está ávido por ver o que virá desse exercício do poder maioritariamente feminino. De referir que, ao longo dos anos, as mulheres têm sido negligenciadas, quer a nível da política, quer noutras esferas da vida, o que levou a Organização das Nações Unidas (ONU), o maior palco político mundial, a aprovar vários instrumentos para o equilíbrio do género, tendo alcançado a paridade na liderança em 2020, com 90 mulheres e 90 homens como líderes seniores em tempo integral.

Seguindo os apelos da ONU, embora não o praticam de modo semelhante à organização, vários Estados têm feito esforço no sentido de aumentarem o número de mulheres em lugares chaves.

Angola tem sido um exemplo neste quesito. A presidência da Assembleia Nacional é ocupada por uma mulher, e o Tribunal Constitucional idem. E a nível da esfera exclusivamente governativa, a vice-presidência da República é ocupada por uma mulher, além de as mulheres ocuparem vários outros cargos como a de governadoras, e de ministra de Estado.

Porém, em contraste com os apelos da ONU, bem como em relação aos esforços de vários governos, o sector económico e financeiro, de acordo com dados do Banco Mundial, entidade financeira global chefiada por Ajay Banga, pode levar 150 anos para que as mulheres atinjam a igualdade salarial com os homens.

Um estudo da OMFIF, um think tank independente para bancos centrais, e a que o Correio da Kianda teve acesso, concluiu que o “domínio dos homens no topo dos bancos centrais e das instituições financeiras não deve mudar tão cedo”. Para o órgão, no ritmo actual de progresso, poder-se-á levar mais 140 anos para o mundo alcançar a paridade entre homens e mulheres em cargos de liderança no sector.

Para a concepção desse índice de 2023, a entidade auscultou 46 bancos centrais sobre as suas práticas de recursos humanos relacionadas ao género.

Em 2020, o actual secretário-geral da ONU, o português António Guterres, lamentou o facto de apenas 10% dos países do globo ser presidido por mulheres.

Portanto, para diferentes observadores, a administração da Namíbia por parte de Ndemupelila Netumbo Nandi-Ndaitwah poderá vir a ser, caso se revele positiva, um precedente para que se mude o sentido de voto, pelo menos a nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Não é a primeira vez que uma mulher se torna presidente de um país africano. A primeira vez que uma mulher aqueceu a cadeira de Chefe de Estado em África foi em 2006, tendo a proeza sido exercida por Ellen Johnson Sirleaf, na Libéria.

Pelos seus esforços democráticos e pacificação, Ellen Johnson Sirleaf chegou a ganhar o Prémio Nobel da Paz. Antes disso, Ellen Johnson Sirleaf terá regressado à Libéria em 2003, após mais de dez anos afastada devido à guerra civil, onde liderou os esforços para a realização de eleições livres.

Concorreu à presidência em 2005, prometendo erradicar a corrupção, promover a coesão e restaurar a infra-estrutura severamente danificada da Libéria. Com taxas de desemprego debilitantes como resultado da guerra civil, a Libéria tornou-se um dos países mais pobres do mundo. Entretanto, ao assumir o cargo, Ellen Johnson Sirleaf pressionou a comunidade internacional para que as sanções comerciais fossem suspensas e o alívio da dívida. A mulher, tomada nalguns sectores como a “dama de ferro”, deixou o poder em 2018.




© 2017 - 2022 Todos os direitos reservados a Correio Kianda. | Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.
Ficha Técnica - Estatuto Editorial RGPD