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Desinformação: especialistas condenam pastores que impedem fiéis de vacinarem filhos

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Especialistas condenam atitude de alguns pastores de seitas religiosas que proíbem os pais e encarregados de educação de levarem as crianças à vacina contra poliomielite. Apesar de serem casos isolados, defendem que as autoridades devem trabalhar junto das lideranças religiosas para desencorajar a prática.

O debate esta quarta-feira, no Capital Central, da Rádio Correio da Kianda, centrou-se na denúncia das autoridades sanitárias de Viana, em Luanda, em que muitas crianças não foram vacinadas por suposta proibição de algumas seitas religiosas.

A administração municipal não entende o comportamento dos supostos pastores que passaram a informação aos fiéis para que os menores não tomassem a chamada gota milagrosa da poliomielite, como denunciou, Pulqueira Marta, a responsável da Saúde em Viana.

“Três seitas religiosas que rejeitaram a vacinação. Isso no distrito do Zango e da Vila Flor ”, denunciou. Entretanto, esse não é um caso isolado.

Na fase de Covid, muitos cidadãos angolanos não tomaram a vacina contra a pandemia por várias razões: primeiro acreditavam que era para dizimar a população africana; segundo porque danificaria a capacidade reprodutiva humana.

Zedilson Almeida, formador de Fact-Checking e responsável do Manifexto não tem dúvida em afirmar de que se trata de uma desinformação.

E qual seria o objectivo das pessoas, empresas ou organizações que estão por trás deste fenómeno? O especialista em verificação de factos, responde:

“Se for algo bem coordenado existe sempre um ganho político ou financeiro”, disse.

Entre os tipos de informação e mis-informação estão a teoria da conspiração. Questionado sobre se essa proibição de crianças tomarem vacinas contra poliomielite estava ligada a este fenómeno, Zedilson Almeida, desconfia que sim.

Normalmente temos um grupo muito grande e muito poderoso que pode dizimar um outro grupo”, alertou.

Porém, Samora Neves, sociólogo e jurista mostra-se mais cauteloso e entende que é necessário investigação por parte do Estado para se determinar se, de facto, trata-se de uma teoria de conspiração das referidas seitas religiosas.

“Teria que se fazer um estudo mais preciso, possivelmente existe esse elemento pode se existir a possibilidade da teoria de conspiração”, minimizou.

O especialista disse, por outro lado, que as crenças quando são muito bem fundamentadas qualquer pessoa acredita e esquece-se do cumprimento das regras e princípios emanados por um Estado.

“O que essas instituições podem transmitir tem um alcance tão grande que se traz a ideia de que essa transmissão é divina… Se a desinformação vier dessas instituições tem um calibre muito elevado ”

Para se evitar que mais casos de desinformação se registem, Samora Neves deixa conselhos a sociedade:

“A primeira medida do governo deve ser ir para essas igrejas chama-los a responsabilidade, abrir se calhar um inquérito em torno disso e se calhar essas igrejas de formas a desencorajar comportamentos dessa natureza.”

Também Zedilson Almeida deixa algumas dicas de como lutar contra uma falsa informação.

“Terem em atenção que sempre que lerem ou ouvirem algum áudio nas redes sociais. Algo que nos faz sentir assustados, chateados, satisfeitos, algo que soa muito bom, provavelmente não é.”

A desinformação propaga-se, normalmente nas redes sociais, Twitter, Facebook ou por aplicações mais fechadas como o WhatsApp.

Radio Correio Kianda

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