Desemprego e as redes sociais

Não caia nas facilidades de empregos e anúncios de emprego que só vendem facilidades

A crise e o alto nível de desemprego em Angola, como não poderiam deixar de ser, também se transformaram em arma para golpistas, burlões e associação criminosa em larga escala. Por meio de mensagens enviadas por SMS ou WhatsApp, criminosos oferecem vagas com altos salários, muitas vezes em grandes empresas, mas sem mais detalhes, induzindo as vítimas em potencial a entrarem em contacto em busca de mais informações e mesmo enviando documentos pessoais.

Mensagens que usam nomes de empresas bem conhecidas e outras sob anonimato parecem ser excepção, num universo de spam (lixo electrónico) que traz poucas informações sobre os supostos empregos, mas seguem um padrão claro. Em todos os casos, são oferecidas vagas que pagam bem, com salários entre de varias dezenas ou mesmo centenas de Kwanzas, e ofertas de trabalho em trabalho parcial (part time). A ideia de que o responsável pelo envio é um “gerente/responsável de projecto” também tenta passar a impressão de que a oportunidade é única ou imperdível.
Em alguns casos, a proposta já vem acompanhada da informação de que a possível vítima foi aceite para o trabalho, sem grandes complicações na ausência de um processo de selecção e recrutamento convencional, enquanto noutros, apenas a proposta directa é realizada e finalizada. O texto parece traduzido de outro idioma, de inglês para português e mesmo de português do Brasil para português de Angola, com a substanciais diferenças.

Os números de telemóvel reais angolanos são usados para o contacto com as vítimas. Por outro lado, chama a atenção o uso de serviços de envio em massa de SMS que, também, são usados por empresas em comunicações legítimas e até na obtenção de códigos de verificação. Mais uma vez, trata-se de uma maneira de dar uma maior aparência de autenticidade ao golpe, de forma a induzir a um contacto directo em que pedidos de mais dados ou detalhes financeiros são solicitados.
Por outro lado, uma nova corrente com divulgação com  falsas ofertas de emprego está a circular pelo WhatsApp fazendo com que as pessoas financiem o grupo hacker — mesmo que indirectamente. Como?
Já viu de certeza, provavelmente e mal já recebeu e clicou em cima de mensagens de sorteios, ofertas de prémios, aniversários de marcas e empresas, pensando que era mesmo verdade e algo aconteceu no seu telefone. A mensagem contendo o link não permite roubo de dados bancários e nem contém arquivos maliciosos capazes de configurar um ataque _ransomware_ — quando o dispositivo é infectado e os criminosos cobram uma recompensa como resgate. Na verdade, ela realmente aparenta ser uma simples proposta de emprego ou das tais ofertas.
O problema é que, ao clicar no link da mensagem, o indivíduo é direccionado para uma página falsa, contendo diversos links ou ligações agregados, cujo principal objectivo é gerar tráfego (“views”). Embora pareçam nocivas, as visualizações do site rendem dinheiro aos golpistas.
Os hackers aproveitam-se de factos que geram ansiedade na população como, no caso, o desemprego e tentam ganhar dinheiro com isso. Embora pareça uma acção ‘inocente’, pois este golpe não traz nenhum dano ou prejuízo ao internauta, muitas outras faz e o seu telemóvel começa a ter outro tipo de comportamento, esse tipo de esquema ajuda a monetizar o ciber crime e financiá-los para atividades maiores e mais perigosas.

Acima de tudo, pesquise, pesquise o máximo que puder. Não envie o seu CV, fotos ou pdf da sua identificação, dados bancários como IBAN para quem não conhece, apenas pelo simples facto de que tudo parece bater certo, tudo parece «doce» e super fácil. Os burladores estudam muito sobre a psicologia e o desemprego cria ansiedade e ansiedade faz perder a racionalidade.

Como se proteger?
É imprescindível que o utilizador esteja sempre atento, principalmente com correntes divulgadas em redes sociais.
Uma das recomendações é sempre buscar inscrições directamente na página da empresa ou em sites renomados que costumam realizar processos selectivos, isto e, sites de empregos idóneos.
Além disso, é possível adicionar filtros para que apenas informações básicas de contactos sejam compartilhadas nas redes. Deste modo, contactos particulares, endereço ou data de nascimento ficarão restritos, de acordo com as permissões estabelecidas pelo utilizador.
Desconfie sempre de oportunidades “fáceis” divulgadas nas redes sociais e evite compartilhar dados pessoais na internet para não ter suas credenciais roubadas.
Por último, mas não menos importante, é essencial ter um programa de segurança instalado no seu dispositivo: telemóvel, tablet, computador, etc. Ele pode impedir acessos em sites suspeitos e proverá mais proteção contra outras possíveis ameaças.