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Politica

Depois da “irritação”, o que fará Lourenço em relação ao conflito que opõe a RDC ao Ruanda e o M23?

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Há muito que o Presidente João Lourenço procura parar a crise de segurança e as divergências com potencial de conflito militar aberto entre a República Democrática o Congo e o Ruanda. O Chefe de Estado angolano tem se dedicado à mediação dessa divergência com o mesmo afinco que se dedica às questões nacionais, como construção de infra-estruturas, educação e saúde, bem como outras crises ligadas à inflação, desvalorização da moeda, desemprego e outras. Mas ao que se constata, seus esforços não têm sido devidamente valorizados, e ainda nesta semana, o Grupo rebelde M23, com recurso a meios militares poderosos, tomou uma parte importante do país de Tshisekedi.

Desde que iniciou a mediar o conflito entre a República Democrática do (RDC) e o Ruanda, o Presidente João Lourenço tem mantido uma postura serena, evitando fazer críticas públicas, apesar das evidências de falhas deliberadas de um dos lados da barricada, mas desta vez, o Chefe de Estado angolano parece ter-se irado a sério.

Em menos de seis meses da assinatura de um acordo de cessar-fogo entre a RDC e o seu vizinho Ruanda, sob mediação de João Lourenço, faz manchete em diversos jornais, nacionais e internacionais, que o Movimento 23 de Março (M23), conduziu um ataque em larga escala na RDC, tendo alargado a sua zona de controlo com a conquista da cidade de Misisi, no Kivu Norte, uma circunscrição bastante rica em recursos minerais.

Em comunicado, o Presidente angolano faz saber que deplora de forma enérgica a escalada contra o território da RDC, e lembra que o referido acto que tomou por “irresponsável” viola o princípio da integridade territorial previsto no Acto Constitutivo da União Africana.

De referir que, em Agosto do ano passado, quando a Presidência angolana anunciou o acordo de trégua entre a RDC e o Ruanda, que entrara em vigor no dia 4 daquele mês, e que seria supervisionado pelo Mecanismo de Verificação Ad Hoc reforçado, várias questões foram levantadas sobre a viabilidade do acordo, dado que a RDC está directamente envolvida em guerra com o M23 e não com o Ruanda, ou se tal era a confirmação tácita de Angola de sabe tem ciência que é alegadamente o Ruanda que apoia o grupo rebelde como referem vários organismos internacionais.

Por exemplo, a Organização das Nações Unidas (ONU), a maior tribuna política mundial, não tem dúvida sobre quem financia o M23.

Num relatório publicado em 2024, peritos da ONU referem que cerca de 3.000 a 4.000 soldados ruandeses combatem ao lado do M23 no leste da RDC, e que Kigali tem “controlo de facto” das operações dos rebeldes.

Peremptório, o documento diz ainda que os militares ruandeses têm o “controlo e direcção de facto sobre as operações do M23”.

Assim como a ONU, Tshisekedi também faz constantemente acusações deste tipo a Kagame, presidente do Ruanda, mas Angola, mediador e país vizinho da RDC, cujas fronteiras sofrem com as deslocações provocadas naquele país, tem optado por não entrar nestas questões, talvez por falta de provas, mas o mais novo acontecimento protagonizado pelo M23, combinado com a irritação de João Lourenço pode alterar o curso das coisas.

Em diferentes segmentos, sugere-se que angolanos já vivenciaram muitos anos de guerra fratricida, pelo que não deve se imiscuir neste assunto.

Mas outros sectores, como escreve o Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social de África (CEDESA) sugerem uma intervenção militar de Angola no “sentido de treinar e reforçar o exército da RDC”, possivelmente com envolvimento dos Estados Unidos da América.

“Esta hipótese teria de ser acompanhada por reforma no sentido da boa governação na RDC e qualquer espécie de acordo económico com o Ruanda, sem o que não é possível garantir uma paz duradoura”, lê-se no relatório do CEDESA.

Para outros observadores, o ideal seria reforçar e alargar a permanência da tropa da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) na RDC. E como já escreveu o Correio da Kianda numa publicação em Dezembro de 2024, outra opção seria a eliminação de pontos de rearmamento e financiamento do M23.

Entretanto, independentemente da evolução no terreno e daas sugestões avançadas, há uma questão que não se quer calar: “O que agora João Lourenço”?

Radio Correio Kianda




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