Opinião
Denise Cangandala – Táxi azul e branco
Hoje o dia acordou triste, uma multidão de nuvens cobriu a terra luandense, e escapou-se na estrada o excessivo trânsito como era habitual.
Mas uma página se abre na capital do país, fazendo manchete nas capas de jornais e semanários de Angola.
Mas um botão de surpresa desabrocha, para o susto e inquietação do povo. As ruas abarrotadas de gente em todos os cantos e lugares da cidade, com rostos abatidos e olhares angustiados demonstrando ansiedade e desejo de chegar ao destino, mas interpelados pela circunstância que os mantém permanecer de pé e fiel na esperança de que alguém poderá ter compaixão deste ou daquele na multidão de passageiros.
As paragens estavam estupidamente estranhas, havia séculos que não se via um grupo tão aglomerado de gente, murmurando pela situação caótica em delírios gritos soltos uns para com os outros a fim de encontrar a resposta daquele tumulto.
Sendo assim, os praticantes desta acção fizeram-no em forma de combinação, repartindo o pessoal por cada bairro e paragem com a expectativa de ofuscar quem se atrevesse ainda que sem conhecimento ou acordo com alguma das partes rompesse essa aspiração.
Após tanto tempo a espera e sem sinal algum, outros que lá se encontravam acharam por bem fazer a viagem apoiando-se aos pés, outros tiveram que voltar para casa.
E ainda nesta senda, na prática desses tais sujeitos, tornaram-se caçadores ou pescadores de almas, vigiando o cenário da confusão agredindo todos quanto rejeitavam obedecer ou manifestar essa atitude arrancando-os dos seus automóveis com bofetadas e ofensas corporais.
Alega-se que por essa crise, e pelo facto de não estarem a render devido a tolerância por parte do seu superior hierárquico que os tem insistido em permanecer com o preço estipulado algum tempo, no qual tem lhes impossibilitado a sorrir.
Outrossim, é o surgimento de outros estilos de táxi na via, tornando-os enciumados porque a garantia de outros serviços extras ficou em contra mão, mais mesmo assim é sabido pelo mundo que o táxi dos nossos sonhos e por questões de hábito não é e nem pode ser o de cor branco, amarelo ou vermelho, mas o que já criou um estereótipo no nosso seio.
Portanto, é necessário que essa malta organize as ideias para nos devolverem a paz e o valor de humanidade. Que os nossos irmãos reflictam nos benefícios em vez de danos, no sentido de ambos continuarmos a cultivar o amor pelos homens e por aquilo que ansiamos, que permaneçam ao nosso redor, tanto quanto nós amamos a nossa Angola, os nossos costumes e não só, mas também da forma como conservamos em nossa memória o nosso táxi que não pode ser vermelho ou amarelo mas sim o azul e branco o táxi que nós amamos.