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Educação Financeira

Deflação é uma coisa boa ou má para o seu bolso?

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Deflação é o processo inverso da inflação, ou seja, a deflação ocorre quando os índices de preços de uma economia passam a cair ao invés de subir. As causas da deflação estão relacionadas com a relação oferta (maior) x procura (menor), que estão intrinsecamente baseadas nas relações de consumo e de saúde da economia de forma geral.

Certamente você já parou para pensar que os preços das coisas estão sempre a subir. Este é o contexto que temos vivido em Angola nos últimos anos.
Se a inflação contribui para o aumento dos preços do que você compra no supermercado, por exemplo, o que acontece se o cenário se inverter? A resposta é directa é que ocorre a deflação.

Mas você sabe o que é deflação? Sabe como este movimento de queda de preços afecta a economia angolana e a sua vida?

O que é deflação?

Como o próprio nome indica, a deflação é o processo inverso da inflação. Isso quer dizer que você pode entender este termo como a queda de preços constante e generalizada dos produtos e serviços oferecidos aos consumidores.

Olhando só pela explicação, parece que é um processo muito bom e deve ser buscado por todos os responsáveis pela gestão financeira dos países. Entretanto, apesar de parecer algo bastante positivo, a deflação por longos períodos pode representar um grande perigo para a economia de um país. Por exemplo, com a crise que nos Estados Unidos em 1929, em 2008, as empresas foram obrigadas a cortar os preços dos produtos e serviços, levando o mercado a um estado de recessão.

Esta queda dos preços, sem previsão de subida, reflectiu directamente em perda de empregos e queda do rendimento das pessoas, colocando todos os países numa das maiores crises económicas da história.

Dessa forma, podemos dizer que a análise do preço dos produtos funciona como um «termómetro» para a economia.
O esperado é que aconteça uma elevação controlada a cada espaço de tempo e com isso eleve também outros indicadores, como a renda da população, oferta de empregos e consumo.

Quando acontece o movimento contrário por muito tempo, pode indicar que há algum problema com a economia do país e que é preciso combater as causas dessa deflação.

O que causa a deflação?

Como citamos o que causou a deflação nos Estados Unidos no século passado ou em 2008 (crise do subprime), é importante falarmos também sobre o que pode causar a deflação actualmente. Dessa forma, será mais fácil você entender o que pode acontecer caso ocorra uma queda prolongada de preços no mercado.

A principal causa está relacionada ao aumento da oferta de produtos e a falta de demanda para a compra.
Isso acontece quando há mais produtos no mercado do que pessoas a querer comprar estes produtos.

Quer ver um exemplo possível para essa situação? Imagine que há uma alta na produção de tomates, porém a população não está procurando tomates nas feiras, nos mercados e nos supermercados que vendem derivados deste produto.

O resultado dessa alta oferta e falta de demanda é a redução de preços para que o consumo seja estimulado. Essa redução no preço do tomate pode parecer positiva para o seu bolso à primeira vista, porém quando é constante e dura muito tempo, pode trazer impactos negativos para a indústria e até mesmo para você.

Isso porque esse movimento de queda pode atrapalhar os negócios, causar desemprego e atrapalhar a economia do país.
Outro facto que também pode causar a deflação é a pouca quantidade de moeda em circulação, pois menos dinheiro circulando significa menos pessoas a comprar, o que pode desestimular ainda mais o consumo e afectar a produção, gerando queda dos preços e problemas na economia. No caso de Angola tem a ver também com as oscilações cambiais do Kwanza face às moedas estrangeiras, com a desvalorização cambial.

Qual a diferença entre deflação, desinflação e inflação?

Então, segundo o que apresento aqui, temos que estar a favor para sempre acontecer uma alta dos preços de produtos e serviços? A resposta é não. O ideal é que aconteça o que chamamos de desinflação.

Desinflação é o processo da diminuição da inflação, ou seja, quando acontece uma subida dos preços, mas menor do que é esperado.
Que tal entender isso melhor? Imagine que você mensalmente vai ao mercado e encontra os tomates com preços 20% mais altos em Janeiro do que o valor do mês anterior. Entretanto, um mês depois, nota que o preço subiu 10% em Fevereiro e que em Março houve alta de 5%. Está caracterizada uma situação de desinflação.

Dessa forma, enquanto na deflação encontramos um movimento de queda de preços, na desinflação o movimento é de subida, porém em um percentual menor do que era apresentado ou esperado para determinado período.

Confira um resumo sobre a diferença entre inflação, deflação e desinflação:

MOVIMENTO DA ECONOMIA
CONCEITO
Inflação
Aumento contínuo e generalizado dos preços
Deflação
Queda dos preços de produtos e serviços do mercado
Desinflação
Redução da inflação, quando os preços sobem, mas de forma reduzida.

Saber a distinção entre estes conceitos é importante e faz a diferença em todos os momentos em que você for pensar qual a melhor forma de usar seu dinheiro, tanto para encontrar o melhor momento para gastar, quanto para investir no seu futuro.

Quais são os riscos e efeitos de uma deflação?

Como já falamos aqui, a queda constante e desregulada dos preços pode trazer alguns riscos e efeitos negativos para a economia de um país.

Podemos usar como exemplo um conceito que alguns economistas chamam de cadeia deflacionária.
Imagine que o dono da fazenda de tomates não consegue vender a sua colheita pelo preço que estava à espera e é obrigado a reduzir os preços, buscando aumentar as vendas para «suavizar» o prejuízo.

Porém, não consegue vender tudo e acaba tendo prejuízos, chegando ao extremo de ter que demitir funcionários para se enquadrar à realidade do mercado.

Os funcionários que foram demitidos, por sua vez, perdem o emprego e, consequentemente, toda ou parte da renda, sendo obrigados a reduzir alguns gastos. Com isso, eles deixam de consumir para economizar, parando de fazer compras grandes em supermercados, por exemplo.

Os donos de supermercados percebem a queda de venda e são obrigados a reduzir os pedidos que encomendam às indústrias de alimentos, afetando assim o faturamento deste mercado.

Já as indústrias, entendendo a situação do mercado, reduzem a compra de produtos usados para a fabricação de alimentos, diminuindo ainda mais a demanda por tomates que seriam usados para fazer molho de tomate, ketchup e outros produtos.

Percebeu como acontece um ciclo repetitivo que afecta várias pessoas e prejudica a economia como um todo? Esse é um exemplo de como a deflação tende a gerar um grande problema para trabalhadores, empresários e para todos inseridos nesse sistema.

É por isso que sempre lembramos sobre a importância de ter uma reserva financeira para evitar passar por grandes dificuldades caso ocorra deflação por aqui. Esta é uma frase que quase sempre deixo no final dos meus artigos. Poupar quanto baste (qb), mas poupe para que amanhã não precise de pedir a ninguém e desta forma estar livre de dívidas financeiras e morais.