Homenagem
David Zé – Um dos músicos míticos da revolução angolana
David Gabriel José Ferreira era um dos músicos míticos da revolução angolana. As suas letras habitualmente eram muito politizadas, defendendo a política do MPLA. Era coordenador do conjunto musical Aliança Fapla-Povo, que acompanhava o Agostinho Neto em todas as suas digressões, fosse no interior ou no estrangeiro, uma espécie de embaixada itinerante da cultura angolana.
Iniciou a sua carreira artística em 1966. “Kadica Zé” foi o seu primeiro disco. Gravou um total de 14 singles e um LP em 1975, intitulado “Mutudi Ua Ufolo (Viúva da Liberdade). Tinha 32 anos quando foi morto.
David Gabriel José Ferreira, filho de Gabriel José Ferreira e de Carolina José Afonso, nasceu aos 26 de Agosto de 1944, na aldeia de Kifangondo, fez o seu ensino primário na província de Kwanzas Norte, com onze 11 anos de idade era já parte integrante do grupo coral da Igreja Metodista, foi dai que nasceu o poeta que cantava a alegria e as esperanças do povo.
Foi torneiro mecânico e fundidor de profissão, preenchia os seus tempos livres dando explicações de matemática.
Começou a dar os primeiros passos na música profissional nas horas vagas no seu posto de trabalho cantando as suas musicas até que o seu amigo Dino Capakopako ouvindo as suas belas canções apresento-lhe ao Guru Urbano de Castro em 1966 e que a partir dai torna-se amigos inseparáveis juntos com Artur Nunes formando assim o egrégio ” Trio da Saudade” .
Foi o Guro que descobriu que David Zé era dono de uma voz talentosa e apresentou lhe em seguida ao Dionisio Rocha, este o introduziu aos “Kutonokas” (espectáculos realizados nos subúrbios).
Gravou o seu primeiro single em 1970, com etiqueta Rebita, comportavam duas canções: “kadikazeca” na face B e “Sofredora” na face A, acompanhado pelo conjunto Jovens do Prenda.
Tendo logo a seguir gravado mais dois singles pela mesma etiqueta e o mesmo conjunto que comportavam ambos os discos duas musicas: “Lamento de Angélica”, ” Kalunga Nguma”, “Lamento de Paiva” e o Dilangue.
Assim que o conjunto Águias Reais lança para mercado fonografico “Mariana”, David Zé opta a partir deste instante a ser acompanhado pelo conjunto Águias Reais. São de destacar as seguintes musicas gravadas: “Candinha”, “Namorada do Conjunto”, “Merengue Santo António” “Maria Rasgadora”, “Malalanza”, “Rumba Za Tukina” “Kalumba Yo” entre outros grandes sucessos com etiqueta Rebita.
Em 1974 começa a gravar com o Conjunto Merengues e 1975 com etiqueta da CDA, grava o seu primeiro e único Long Play com dozes faixas, intitulado “Mutudi Uá Ufulo” (Viuva da Liberdade).
Depois da independência de Angola David Zé, Urbanos de Castro e outros Músicos alistam-se nas fileiras das Faplas funda o Agrupamento Fapla Povo e o mesmo é nomeado Director artístico e sob ordem do Dr. Agostinho Neto e lhe incumbido a missão de comprar aparelhagem para o Agrupamento Fapla Povo na Itália no qual os Italianos ficaram tão impressionado com o domínio Vocal que os mesmo pediram para que David Zé ficasse e se naturalizasse de Italiano.
David Zé e os seus companheiros foram orientados pelo Dr. Agostinho Neto para representar Angola num festival das independências dos país tais como:
Moçambique, São Tomé e Príncipe e a Guiné Bissau, onde interpretou magistralmente uma canção em homenagem a Almicar Cabral e lhe foi oferecido uma Viatura.
David Zé foi um músico, cantor e compositor do folclórico angolano.
Com letras dotadas de um conteúdo de carácter muito politizado, só no ultimos das da sua curta vida, visto que inicío cantava musicas diversas e até comerciais, David Zé defendia na epoca da revolução as suas canções eram de caracter ideológica e nacionalistas quer MPLA, quer do Agostinho Neto e também fala de Savimbi e Holden só para sitar estes. Musicalmente, David Zé foi um dos grandes músicos da história angolana. Morreu durante os tristes episódios do muito mal explicado golpe-contragolpe de 27 de maio de 1977.