Sociedade
Cuanza Norte: Três pessoas morrem em disparos da Polícia na manifestação de trabalhadores de Barragem
Três pessoas morreram de um total de oito atingidas por disparos de arma de fogo, da Polícia Nacional, no interior do Projecto Hidroelétrico de Caculo Cabaça, em Cuanza Norte, quando tentava controlar uma onda de protestos dos trabalhadores que vandalizavam bens patrimoniais, por alegado incumprimento dos pontos do caderno reenvindicativo apresentado à empresa chinesa que executa as obras.
Um dos feridos conheceu morte no local, o segundo num centro médico da cidade de Ndalatando e um terceiro de acordo com o comunicado da Polícia, terá perdido a vida já no Hospital Josina Machel, em Luanda.
Oito viaturas diversas, geradores elétricos, material de escritório, frigoríficos, cabos elétricos, portas e janelas são alguns dos bens patrimoniais que, de acordo com o Comando Provincial da Polícia no Cuanza Norte, foram destruídos pelos trabalhadores durante os actos de protesto no interior da empresa chinesa CGGC- China Gezhouba Group Company Limited.
A razão da manifestação seguido de actos de protestos e de vandalização de bens, no passado dia 25, está relacionada com o incumprimento dos pontos do caderno reivindicativo apresentado entidade patronal.
A polícia refere ainda que no dia a seguir ao dos protestos, os trabalhadores, insatisfeitos com a postura da direcção da empresa, em cerca de 400, pretendiam partir para o ataque a integridade física dos cidadãos chineses.
“Perante este cenário de confrontação, as forças destacadas para a manutenção da ordem no local, após esgotarem as técnicas de expressão para a contenção dos ânimos e, devido ao défice da correlação de forças, foram envolvidas pelos manifestantes munidos de objectos corto-contundentes, facto que motivou a utilização de armas de fogo, tendo alguns disparos atingido (08) cidadãos, dos quais (02) faleceram, um no local e outro no Hospital Josina Machel em Luanda”, lê-se no documento em que a Polícia garante já ter aberto um inquérito para apurar os factos e consequente responsabilização criminal dos implicados.
Um dos manifestantes, que falava à Rádio Nacional, explica que o desentendimento entre os trabalhadores e a direção data desde 2019, sobre a melhoria de condições de trabalho. Não havendo consenso po alegada falta de condições financeiras para a melhoria das condições de trabalho e aumento salarial, por parte das empresas, os trabalhadores decidiram partir para a greve e cinco dias depois da sua declaração da greve, tomaram conhecimento de que a direcção havia contratado outros 90 cidadãos que davam seguimento aos trabalhos. Na tentativa de apurar a veracidade da informação, um grupo de cerca de 400 trabalhadores deparou-se com uma barreira policial, há 20 metros da empresa, que os terá recebidos com disparos de armas de fogo.
O projecto hidroeléctrico de Caculo Cabaça, em construção sob o Rio Kwanza, no município de Cambambe, província do Cuanza Norte foi lançado em 2017, para produzir 2.172 Megawatts (MW), depois de concluído.
Com o término previsto para 2024, a construção do projecto a cargo da empresa China Gezhouba Group Company Limited, comporta cerca de 980 trabalhadores, entre macionais e expatriados.