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Crianças de dez anos tornam-se engraxadores de sapatos na Vila de Viana

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“A minha mãe não trabalha, o meu pai também não está a trabalhar, por isso é que eu e o meu irmão viemos todos os dias aqui engraxar sapatos para levar comida em casa”.

Foi esta a justificação de um menino de dez anos, de nome Andrade, que acompanhado de seu irmão mais velho, de 13 anos, explicou ao Correio da Kianda, como sendo a razão que os levou muito cedo a procura de pequenos serviços como o de engraxar sapatos para ajudar os pais, agora desempregados.

Deixam as suas moradias logo pela manhã, percorrendo distâncias, atravessando estradas, muitas das vezes sozinhos, enfrentado dificuldades diversas, num exercício que se pode entender, como um desafio a vida, mas em busca de um pouco, para o auto-sustento.

Apesar de serem pequenos e deixarem diariamente muito cedo as suas moradias em busca de comida, trabalhando como engraxadores, afirmam gostarem do que fazem, por estarem há quase dois anos a exercerem o pequeno trabalho.

“O meu pai costuma nos falar para não mexer o que é do outro  e que roubar faz ir na cadeia, por isso é que preferimos engraxar sapatos”, disse, o irmão mais velho, de nome Euclides.

Dar continuidade aos estudos é um dos propósitos dos dois irmãos engraxadores. Andrade de 9 e Euclides de 12 anos. O primeiro, diz ter parado de estudar na terceira classe, enquanto que o segundo estudou até a quarta classe. Ambos, apontaram a impossibilidade financeira, como sendo a razão que esteve na base na paralisação dos estudos.

“Se o meu pai tivesse dinheiro, poderíamos continuar a estudar, mas como não tem, vamos esperar um dia ser mais velhos para pagarmos os nossos estudos, porque nós também queremos ser alguém no país”, disseram.

Para além de crianças engraxadores, o que não para de crescer na Vila de Viana, é também o número de famílias subsistindo de esmolas e de pequenos expedientes, conforme constatou o Correio da Kianda.

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