Economia
Crescimento médio das economias da África subsaariana será negativo em 2,4% este ano
A agência de notação financeira Fitch Ratings disse nesta terça-feira, 27, que o crescimento médio das economias da África subsaariana vai ser negativo em 2,4% este ano, num ano marcado pelo recorde nas descidas de ‘rating’.
“A média do crescimento nos países soberanos da África subsaariana que analisamos vai contrair-se 2,4% em 2020, com o crescimento a recuperar para 4% em 2021 e 5% em 2022, demonstrando uma contracção mais suave que em qualquer outra região, mas ainda assim uma grande queda face ao crescimento médio de 3,8% entre 2015 e 2019″, diz a Fitch Ratings.
Numa análise enviada aos clientes, os analistas desta agência de ‘rating’ detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions escrevem que “o impacto sanitário da pandemia tem sido mais suave e as taxas de infecções têm estado limitadas, com excepção da África do Sul, mas os impactos indirectos através dos preços das matérias primas, turismo, condições de financiamento e outros efeitos levaram a um impacto pesado no crescimento e nos ‘ratings'”.
Só este ano, a Fitch Ratings já desceu a opinião sobre a qualidade do crédito soberano de 7 dos 19 países que analisa na região, tendo baixado a nota duas vezes a Angola e à Zâmbia, lembram os analistas, explicando que estas descidas não foram apenas motivadas pela pandemia.
“As degradações dos ‘ratings’ reflectem parcialmente uma deterioração prévia à pandemia, mas também o forte impacto nas contas públicas e na liquidez externa que resulta das condições económicas da pandemia“, lê-se no relatório, que sublinha que “a região entrou na crise altamente endividada e com poucas almofadas financeiras”.
A média do rácio da dívida pública face ao PIB passou de 56,5%, no final de 2019, o que era quase 20 pontos percentuais do que há cinco anos, e deverá chegar a 2002 nos 72,8% devido ao choque da pandemia de covid-19.
Para além das descidas nos ratings já efectuadas, a Fitch Ratings tem sete das 19 economias que analisa com uma Perspectiva de Evolução Negativa, o que significa que é provável que o rating continue a descer para alguns destes países confrontados com um abrandamento da procura e um aumento dos custos.
“O impacto global da pandemia na liquidez dos mercados financeiros significou que muitos países da região perderam em Março a capacidade de aceder aos mercados a preços razoáveis, e desde então as condições financeiras melhoraram, mas nenhum país africano regressou, até agora, às emissões internacionais”, salientam os analistas.
Em África, há 41.262 mortos confirmados em mais de 1,7 milhões de infectados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Angola regista 270 óbitos e 9.644 casos, seguindo-se Cabo Verde (94 mortos e 8.423 casos), Moçambique (88 mortos e 12.161 casos), Guiné Equatorial (83 mortos e 5.079 casos), Guiné-Bissau (41 mortos e 2.413 casos) e São Tomé e Príncipe (15 mortos e 935 casos).
O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (quase 5,4 milhões de casos e 157.397 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Por Lusa