Politica
“Crescimento demográfico de Benguela exige mais investimento em energia e água”
A cidade de Benguela acolhe desde esta quinta-feira, o XII Conselho Consultivo do Ministério da Energia e Águas, com o lema “Energia e água rumo a expansão e melhoria da qualidade dos serviços”. No seu discurso, o governador de Benguela, Luís Nunes, disse que o crescimento demográfico que aquela província regista, exige cada vez mais investimento no que à distribuição da energia e água diz respeito, de formas a garantir que todos se beneficiem dos serviços.
“Para além da necessidade de fornecimento das famílias é fundamental assegurarmos, de igual modo, esses serviços para as indústrias, tendo em conta o potencial económico da nossa província”, disse, defendendo ainda ser necessário que se juntem esforços, com investimentos que se mostrem capazes de dar resposta aos desafios do sector.
Luís Nunes disse, por outro lado, que o investimento que o Ministério da Energia e Água tem vindo a realizar permitiu que a província de Benguela registasse hoje a existência das centrais fotovoltaicas dos municípios do Biopio e da Baía Farta, “que vieram reforçar a capacidade de distribuição de energia ao sistema nacional”.
O governador de Benguela referiu que a ligação de energia eléctrica as sedes municipais afigura-se, actualmente, como um dos grandes desafios que aquela região do país enfrenta, pelo facto de estarem ainda dependentes das centrais térmicas.
A construção da linha de transporte de energia a partir da barragem do Lumahum, para a electrificação dos munícipios da Ganda, Balombo, Chongoroi, Caimbambo e Cubal, entra na lista de desafios a lista de projectos a executar a médio prazo.
“Independentemente da fonte, precisamos com maior incidência aumentar a energia, com mais ligações domiciliares, considerando a capacidade de produção de energia actualmente disponível”, disse.
Sobre a água, o governador Luís Nunes afirmou ser urgente a melhoria dos serviços naquela província, em benefício da população local, tendo garantido estarem em execução projectos que deverão dar resposta à necessidade de Água que se assiste na sua província.
Apontou os trabalhos em curso no âmbito das infra-estruturas integradas nas cidades do litoral, “que possibilitarão a reposição da capacidade de produção da Estação de Tratamento de Água no Luongo, o que virar repor a distribuição do líquido precioso às populações que já beneficiavam desses serviços”.
Luís Nunes considerou que a resposta à actual necessidade de água na província de Benguela deverá registar-se em breve, no âmbito de projectos, já aprovados, de melhoria do abastecimento do fornecimento de água às cidades do litoral.
Por sua vez, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, afirmou, no seu discurso de abertura do conselho, que o encontro serve para avaliar o progresso no processo de distribuição de energia e água no país, a necessidade de atracção de investimentos, em parcerias público-privadas.
“Trabalhamos todos para tornar cada vez mais forte o sector da energia e água e esse fortalecimento significa termos empresas e serviços com maior qualidade”, afirmou.
Acrescentou ainda que a melhoria da arrecadação de receitas joga um papel fundamental, visto que as empresas do sector eléctrico enfrentam ainda significativa e dificuldades com arrecadação de receitas provenientes de actividades de cobrança.
“Embora se registe em tendência favorável , mas ainda à quem do que necessitamos”, reconheceu.
O governante afirmou que a ENDE não tem um sistema de gestão comercial eficiente e regista actualmente existência de um déficit elevado de contadores.
“Em baixa tensão e a nivel nacional, a ENDE tem 1955 mil consumidores, dos quais 701 mil têm contadores em sistema pré-pago, 84 mil em sistema pós-pago e um milhão e 170 mil não têm contagem. Em média tensão, existem em todo o país, um total de 7782 consumidores ou clientes, dos quais 3678 têm sistema sistema de contagem e os substantes 4 mil 104 não têm sistema de contagem”, reconheceu.
João Baptista Borges reconheceu que o sistema de gestão “necessita urgente modernização”, e para isso “esforços estão a ser feitos e deverão ser redobrados para que os níveis de cobrança da ENDE superem o crescimento no consumo anual de energia” que é cerca de 9% em média.
Caso não se cumpram essas metas, os níveis de perda, actualmente situados em 27%, aumentarão para níveis difíceis de recuperação.
Disse ainda que o rácio entre o número de trabalhadores verso número de clientes nas empresas tem casos em que o rácio se mostra demasiado desiquilibrado, o que conduz à incapacidade dos salários que se quer pagar aos trabalhadores.
“Apelo assim, ao sentido de responsabilidade dos gestores [das empresas do sector], para que não ultrapassem o rácio admissíveis, que foram já estabelecidos”.
O ministro João Baptista Borges mostrou, no entanto, preocupado com as acção de vandalismos, que segundo fez saber, vão assumindo cada vez mais níveis preocupantes, não só contra as condutas de água e de iluminação pública, com roubo de cabos, como agora acontece, incluindo torres de alta tensão.
Disse que está em execução o plano de Acção 2023/2027 baseado no Plano de Desenvolvimento Nacional, com prioridade na continuidade da construção da Barragem de Caculo-Cabaça e a conclusão da barragem do Laúca.
Consta ainda, no referido plano, de acordo com o ministro, a diversificação da matriz energética no país, com a incorporação da energia solar fotovoltaica.
“Podemos adiantar que durante este ano, teremos novamente produção, as centrais fotovoltaicas da Matala, agora com 40mw”.
Para este ano, o ministro anunciou o aumento e expansão da rede nas grandes cidades.
A obra da central do Luachimo é uma infra-estrutura que deverá entrar em funcionamento este ano, depois das obras de reabilitação iniciadas em 2017, bem como a cental do rio Kuxi em Kamacupa, cuja entrada em serviço ainda em 2023 depois de mais de 35 inoperante, destruída pela guerra.
Estes investimentos, afirmou o ministro da energia e água, vai permitir reduzir o consumo de combustíveis, principalmente na região central do país.