Sociedade
Covid-19 “surgiu para destruir a minha família”, diz professor desempregado
Cresce todos os dias o número de professores do ensino privado que, por falta de alternativas, têm estado a passar por várias dificuldades devido à covid-19.
E, como consequência dessas dificuldades, verifica-se quotidianamente esses profissionais a transformarem-se em pedreiros, lavadores de carro, ajudantes e até mesmo lotadores de táxi. Desestruturação familiar, não tem sido uma excepção, pois, é também um dos dilemas que se tem estado a registar em várias famílias, onde os filhos, apenas dependem de um pai, ou de uma mãe, que leciona numa escola privada.
Vumbo Cucoba Francisco, de 36 anos, é um jovem que encontramos na zona de Calumbo. Professor há mais de 6 anos, em entrevista ao Correio da Kianda considerou o surgimento da covid-19 como a “desgraça que surgiu para destruir a sua família e transformá-lo numa pessoa muito pensativa”.
Não aceitou ser fotografado pela nossa equipa de reportagem, mas sim, aceitou revelar o drama que tem vivido no dia-a-dia, desde o momento que se paralisaram as aulas, no mês de Março, altura em que as escolas privadas pararam de conferir ordenados aos professores.
Conta, Vumbo Cucoba Francisco que de “professor vaidoso e charmoso” como era carinhosamente chamado, tanto pelos alunos como pela vizinhança, quase nada mais restou: o charme foi substituído pelo sofrimento.
Procurar saídas, soluções e alternativas foi o que fez. Dar explicação de inglês e matemática, num cantinho de chapa próximo à sua casa era a esperança, mas, infelizmente, não deu certo. Os alunos não passavam dos dez.
Tornar-se cobrador foi uma das alternativas que o aguentou quase todo o mês de Maio, não mais do que isso, fez saber. Tudo porque a viatura em que trabalhava como cobrador, ficou avariada. Até ao momento encontra-se no mecânico, facto que o obrigou a despachar a sua esposa e as suas três filhas à casa da sogra por não ter como continuar a sustentá-las.
“Sinto-me frustrado porque, por não ter alternativas, fui obrigado a despachar a minha família na minha sogra. Tudo o que mais espero é que as aulas retornem e eu volte a conviver com as minhas filhas e a minha mulher”, disse.
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