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Sociedade

Covid-19: professores das escolas privadas enfrentam dificuldades

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O cenário provocado pela pandemia do coronavírus obrigou toda a sociedade a se reestruturar. Um dos sectores com maior impacto é o da educação. Em Angola, as aulas foram suspensas há praticamente quatro meses. Com isso, directores, professores e outros funcionários das escolas privadas, em Cacuaco, passam por diversas dificuldades.

Aulas suspensas, escolas fechadas e o ano lectivo-2020 comprometido. O regresso as aulas no país é uma incerteza, devido o número de casos positivos da Covid-19. Angola já conta com 353 casos positivos.

E como sem aulas não há salário, os professores da rede privada precisaram de desenvoltura, criatividade e habilidades para sobreviverem nesta fase. O destino de muitos esses académicos é a “praia do mundial”, ajudando as vendedoras e compradores escamando peixe para que no final tenham algo para levar em casa.

O professor Emilio Gabriel Lourenço fala daquilo que ele e os seus colegas têm passado nessa fase. Para ele, tudo começou em Março quando foi decretado o Estado de Emergência:

“O mês de Março é o momento que começa a história triste dos professores das privadas. Durante esse tempo temos passado por várias dificuldades como a fome e o desemprego”.

O professor esclareceu que, nesta fase, os professores das escolas privadas perderam alguns poderes nos lares porque há quatro meses estão sem salários. Assim, a maior preocupação não está a ser a Covid-19, mas sim a fome. Segundo ele, tem colegas que em casa não têm tido nem uma refeição por dia e se tiver é só uma.

Para o docente, o Ministério da Educação não devia preocupar-se simplesmente  com as estruturas das escolas privadas, mas também, com os professores que prestam serviços nestas instituições. Para ele, é triste “ver professores descarregando sacos de arroz, massa alimentar, sacos de milho em contentores para conseguir mil kwanzas e outros têm ido a praia pescando ou escamando para que no final do dia tenha dois ou três peixes. É muito triste”, disse.

O professor Fernando António Catimba disse que durante esses quatro meses sem salário, para sobreviver tem feito alguns “biscatos”.

“Tenho feito alguns ‘biscatos’ pedindo de casa a casa, quem precisa de  trabalhos, não se importando o que seja, desde cavar fossas, bater blocos, ser ajudante de mestres nas construções, vender sacos e muito mais. Isso é só para manter a cozinha e matar a fome”, afirmou.

Com 12 anos na profissão de docência, o professor Nelson Rodrigues Mukanda fala de como tem feito para viver em época da Covid-19.

“Eu sou professor há 12 anos no sector privado, nem pude receber os ordenados do mês de Março. Assim tive que criar aulas a domicílio a fim de poder acudir algumas necessidades da família. Não tive outro meio se não pautar por esta via”, rematou.

Ele fala com bastante mágoa sobre a situação do professor do sector privado: a princípio é que somos mal pagos e os gestores das escolas estão mais preocupados com os seus negócios e não com bem-estar do professor”.

O director geral do Complexo Escolar Horizonte Visual, Paulo Julante “Bai”, atira a culpa ao Ministério da Educação por não prestar qualquer apoio aos seus parceiros em fase de Covid-19.

 “O que a Repartição devia fazer nesta fase é o recadastramento das escolas particulares e ouvir as suas dificuldade para o devido apoio. Em fase de pandemia  nenhuma escola está em condições para pagar salário de professores”, declarou e acrescentou que “não é só professores que estão a sofrer, todos os funcionários estão a passar pela mesma situação”.

Até fecharmos esta matéria tentamos contactar a repartição municipal da Educação de Cacuaco, mas não tivemos sucesso.




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