África
Continua o calvário das mulheres quenianas violadas por militares britânicos
Em muitos casos, os actos de violência sexual contra quenianas por militares britânicos destacados naquele país africano para treinamento, acabaram em gravidez não assumida e, noutros casos, em mortes. As histórias arrepiantes foram divulgadas pela CCN, mas até ao momento pouco se sabe sobre eventuais consequências dos prevaricadores e/ou indemnizações às vítimas.
Várias jovens mulheres negras quenianas, sobretudo moradoras dos arredores da cidade de Nanyuki, onde foram destacados militares britânicos para treinamento há já uma década, continuam a enfrentar a discriminação e preconceito.
De acordo com as denúncias que continuam a fazer destaque em jornais, a discriminação e preconceitos são, por um lado, praticados por homens e mulheres quenianos que não querem ser vistos com mulheres negras mães de filhos brancos, além da dificuldade em encontrar emprego na comunidade; por outro lado a discriminação é, segundo as queixosas, praticada pelos comandantes do exército britânico, que parece fazerem descaso das queixas, dado que, para além do anúncio de abertura de Investigação, pouco ou nada se conhece sobre o que já foi apurado, ou acusação directa contra um dos militares visados, embora as queixas vêm sendo feitas pouco antes de 2012.
O mais chocante e polémico caso centra-se à volta da jovem queniana Agnes Wanjiru.
Aos 21 anos, de acordo com relatos, Wanjiru desapareceu em 2012 depois de entrar num hotel com soldados britânicos.
O seu corpo, entretanto, foi encontrado mais tarde numa fossa séptica. Apesar de um inquérito queniano ter considerado a morte um homicídio e de ter sido identificado um suspeito por outros soldados, o militar britânico alegadamente envolvido não foi acusado.
Segundo reportou à CNN, um porta-voz do Alto Comissariado britânico garantiu que leva a sério todas as alegações levantadas pela comunidade e que irá assegurar investigações exaustivas.
“Toda a actividade sexual que envolva abuso de poder, incluindo a compra de sexo no Reino Unido ou no estrangeiro, é proibida”, afirmou o Alto Comissariado Britânico, em nome da missão.
O que ocorreu com a Wanjiru, também acontece com outras mulheres, mas a grande maioria das histórias é sobre violação com gravidez não assumida.
E fala-se que muitos dos meninos e meninas resultantes de violações já se encontram crescidos.
Marian Pannalossy, de dezassete anos, por exemplo, é filha de mãe queniana e pai britânico – um militar, o seu nascimento, de acordo com as informações, não resultou de um acto de paixão e amor recíprocos, mas de um acto de violência sexual.
Com o falecimento da mãe, a jovem vive hoje sozinha. De pele clara num lugar onde as pessoas de raça mista são uma raridade, a jovem diz-se ostracizada.
Para muitos, as autoridades britânicas já demonstraram fazer descaso das queixas, e em face disso, esperava-se mais do Governo queniano.
É também verdade que, nalguns casos, as mulheres manifestam interesses aos militares britânicos, mas mesmo nestes casos, sublinham, “não se deve ser permitido que haja fuga a paternidade” como tem ocorrido.
Estes factos reportados espelham haver uma auto-atribuição de ‘menoridade’ por parte do Estado queniano ante a Inglaterra.
As associações e ONG quenianas e não só, dedicadas aos direitos humanos, apelam a uma intervenção urgente por parte das autoridades.