Politica
Angosat 1 já está em órbita
Angolanos de vários estratos sociais acreditam que a entrada em órbita do primeiro satélite do país (AngoSat1) vai revolucionar as telecomunicações do país e agregará benefícios na vida económica, social e cultural dos cidadãos.
O Angosat 1 é um satélite de comunicação geoestacionário angolano que será lançado hoje, às 19h00 de Luanda (0h00 no Cazaquistão), um projecto desenvolvido por uma empresa russa e poderá ser operado pelo Gabinete de Gestão de Programa Espacial Nacional (GGPEN).
O satélite será baseado na plataforma USP Bus e seu tempo de vida útil será de quinze anos.
O mesmo será equipado com dezesseis “transponders” em banda C e seis em banda Ku para fornecer serviços de telecomunicações para Angola.
A abrangência de cobertura do sinal de recepção na banda C deste poderá afectar toda África e parte da Europa.
A propósito deste feito e dos benefícios para o sector das telecomunicações do país,
O reverendo Adriano Kilende, pastor da Igreja Metodista, afirmou que, com o lançamento do satélite, uma nova página se abre na vida da nação, pois ajudará a melhorar as comunicações do país.
Também abrirá uma nova porta para educação no que concerne ao ensino à distância ou mesmo o chamado “e-lermining”, onde um professor em Cabinda pode dar aulas a estudantes em Luanda por meio de vídeo conferência.
Por outro, há vantagens com a velocidade da internet e os estudantes e pesquisadores podem usar varias ferramentas, como o YouTube e as redes sociais, onde através de vídeos várias matérias podem ser apresentadas.
Dará oportunidade para as universidades investirem em cursos online, como se vê em outros países, modo a acelerar o investimento no capital humano em geral, particularmente nos jovens.
Para o jornalista do Jornal de Angola, Ismael Botelho, em primeiro lugar é uma questão de orgulho nacional ter um satélite em órbita. Depois tem a ver com a questão da afirmação de Angola no contexto das nações espaciais.
A soberania digital é de extrema importância para um país em vias de desenvolvimento, que precisa alavancar a sua economia e diversificar as fontes de receitas. Além disso, a colocação do satélite em órbita constitui uma grande oportunidade de negócios para o país.
Para Mário Domingos, da empresa Angola Cables, o satélite é uma infra-estrutura muito importante dentro de um ecossistema de telecomunicações e os países que o têm possuem uma grande vantagem, sobretudo pelo facto de tornar os produtos e serviços de telecomunicações mais acessíveis à sociedade, inclusive para as pessoas que habitam em zonas recônditas, distantes dos grandes centros urbanos.
“É importante destacar que as instituições académicas são entidades que mais trafegam dados, que mais utilizam as plataformas de telecomunicações e deste modo um satélite vai permitir que mais pessoas tenham acesso à internet e outros serviços de telecomunicações, contribuindo deste modo para o desenvolvimento do ensino e consequentemente o desenvolvimento social e económico”, destacou.
Explicou que um satélite tem como grande vantagem o factor mobilidade, pois permite ligar entidades geograficamente distantes das infra-estruturas físicas, sobretudo na realidade angolana, onde existem municípios que distam mais de 400 quilómetros da sede da província e estas infra-estruturas vão permitir que as escolas e todas outras instituições tenham acesso aos serviços de telecomunicações, beneficiando de todas as vantagens decorrentes destas plataformas.
“Contudo, é importante destacar que o satélite é uma infra-estrutura complementar, não anula as outras, como sistemas de cabos de fibra óptica. Sem pôr de parte a importância do satélite, mas os sistemas de cabos submarinos de fibra óptica são responsáveis por mais de 90 porcento do tráfego, este conjunto vai tornar o país numa referência incontornável no ecossistema internacional de telecomunicações”, explicou.
Disse não ter dúvidas de que Angola será, nos próximos anos, uma das placas giratórias das telecomunicações no continente africano.
Por sua vez, o director do Portal Saúde Angola, Filomeno Pascoal, salientou o satélite será importante na Telemedicina, para o tratamento patologias complicadas, sobretudo naquelas zonas onde há carência de médicos.
Explicou que a classe médica poderá trocar experiências com profissionais de outros países “On Job” ou seja, em caso de uma cirurgia complicada, feita num dos hospitais do país, contar com o apoio de outros especialistas no exterior.
Para o director de relações institucionais da Unitel, Humberto Mbote, a entrada em funcionamento do Angosat1 vai tornar mais competitivos os serviços das empresas nacionais em relação às estrangeiras, por dar a possibilidade de pagar o sinal em kwanzas e ter um grande impacto nos preços dos serviços prestados.
Humberto Mbote alertou que as empresas vão continuar dependentes do fornecimento de energia eléctrica e da segurança e para se manter um site no ar é preciso se trabalhar para se diminuir as fontes alternativa de energia e acabar com a carência actual do negócio.
O presidente do conselho de administração da AngolaCables, António Nunes, avançou que o AngoSat1 vai permitir o alargamento do acesso da internet a nível rural, atingindo todos os recantos do país.
Por sua vez, o presidente da associação Angolana de Provedores de Serviços de Internet (ASPSI), Sílvio Almada, assegurou que com a entrada em orbita haverá uma redução dos custos e facilitará a criação de mini empresas cibernéticas e o fornecimento de mais serviços para os utilizados.
O centro de controlo e missão de satélites do Angosat1 encontra-se na comuna da Funda, norte da província de Luanda.
Como satélite geoestacionário artificial, o Angosat estará localizado a 36 mil quilómetros acima do nível do mar. Sua velocidade coincidirá com o da rotação da terra e conseguirá cobrir um terço do globo terrestre.
O Angosat, construído na Rússia, com mil e 55 quilogramas e 262.4 quilogramas de carga útil, ficará na posição orbital 14.5 E e terá uma potência de três mil 753 W, na banda CKu, com 16C+6Ku repetidores. Terá 15 anos de “vida útil”.
O satélite angolano vai possuir um centro primário de controlo e missão em Angola e outro secundário na Rússia.