Politica
Conflitos no mundo surgem como consequência da passividade dos Estados-Membros da ONU, diz João Lourenço
O Presidente João Lourenço disse que aquelas potências mundiais, que no passado jogaram um papel crucial para a libertação da Europa e dos europeus das garras do nazismo, do fascismo e também para a libertação de África e dos africanos do regime do apartheid da África do Sul, não podem comportar-se hoje de forma diferente, agredindo outros países, invadindo e anexando territórios alheios.
O Chefe de Estado e Presidente da União Africana, acrescentou ainda que estas mesmas potências não podem financiar e organizar a subversão que pode levar ao derrube de governos legítimos, como se está a constatar actualmente no nosso próprio continente.
Com este precedente perigoso, disse João Lourenço, nenhuma instituição regional, continental ou mundial, terá, daqui para frente, autoridade moral para chamar à razão a qualquer Estado violador dos princípios que regem a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional.
As declarações foram feitas aquando do seu discurso na 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, decorre em Nova Iorque.
O Chefe de Estado disse que os africanos de países colonizados durante vários séculos, perceberam melhor do que ninguém a importância da paz, por ter de fazer face diariamente à luta para levar alimentos às pessoas, água potável, saúde, educação e outros bens essenciais fundamentais, o que gera uma sensibilidade especial sobre a incidência nefasta da insegurança e da instabilidade sobre a realização dos seus objectivos e projectos de desenvolvimento.
Esta realidade, de acordo com o Líder da União Africana, agrava-se ainda mais com os múltiplos conflitos e guerras que assolam países e regiões do mundo, de onde esperávamos encontrar cooperação e um intercâmbio frutuoso, a fim de superarmos as nossas dificuldades e contribuirmos com os nossos imensos recursos e capacidades para a prosperidade mundial.
“É nesta base que a República de Angola tem procurado prestar uma contribuição honesta e genuína à solução do conflito na região do Sahel, no Sudão e no Leste da República Democrática do Congo, relativamente ao qual as nossas diligências criaram um quadro negocial com soluções de paz que lamentavelmente não se concretizaram em Dezembro de 2024 como era expectável, mas que se mantém como uma plataforma válida para outros esforços que vêm sendo envidados com o propósito de se pôr um fim definitivo a esse conflito” disse João Lourenço.
João Lourenço disse que o conflito na RDC, na região do Sahel, e tantos outros que se tem na memória, são em grande medida consequência da passividade dos Estados-Membros das Nações Unidas, que se têm revelado muitas vezes inoperantes face às invasões de territórios terceiros e às interferências na ordem interna de países soberanos, que ocorrem nestes últimos e que, por não terem merecido uma reacção firme, inflexível e assertiva, tornaram-se em factos consumados que estão no epicentro das grandes tensões que se vivem actualmente no mundo.