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Comunidades do Mussulo exigem embarcação para realização de funerais

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As comunidades do Mussulo, em Luanda, continuam a enfrentar sérias dificuldades para realizar funerais, devido à ausência de um cemitério local e de meios de transporte adequados para o traslado de corpos.

Segundo o coordenador das Autoridades Tradicionais de Luanda e Soba grande do Mussulo João Adão, que Falava hoje, 14, em exclusivo à Rádio Correio da Kianda, as famílias da ilha são obrigadas a atravessar o mar até três vezes para sepultar os seus entes queridos no cemitério do Benfica, em Luanda.

“Quando alguém morre no Mussulo, o corpo é levado primeiro para a morgue em Luanda. Depois volta à ilha para o velório, e mais tarde regressa à cidade para o enterro. O morto atravessa o mar três vezes”, lamentou João Adão, sublinhando o peso financeiro e emocional que esta prática representa para as famílias.

O responsável lembra que, durante a governação do antigo governador Francisco Sebastião Bento, o Executivo havia prometido criar condições logísticas para garantir funerais dignos às comunidades da ilha  incluindo um barco-ambulância e apoio no transporte marítimo e terrestre.

“Na altura foi prometido que o Governo disponibilizaria um barco-ambulância para o transporte de corpos e apoio às famílias durante os funerais. Essa promessa só foi cumprida nos primeiros meses. Depois disso, nunca mais vimos esse apoio”, denunciou o líder tradicional.

João Adão afirma que muitas famílias, já com dificuldades financeiras, veem-se obrigadas a suportar custos elevados de transporte marítimo e terrestre para acompanhar o corpo até ao cemitério.

 “As famílias estão cansadas de gastar tanto num momento de dor. Pedimos ao Governo que olhe para o Mussulo com atenção e garanta uma embarcação própria para a realização de funerais, respeitando os nossos costumes ancestrais”, apelou.

O líder das Autoridades Tradicionais defende ainda o regresso dos funerais tradicionais no Mussulo, realizados dentro da própria comunidade, à semelhança do que acontecia “no tempo dos nossos avós”.

“Antigamente, morria-se e enterrava-se no Mussulo. Era um ato de respeito e de ligação à terra. Hoje, isso já não acontece. Queremos recuperar essa dignidade”, concluiu João Adão.

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