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Compra de dólares será taxada em 30% na Argentina
O governo argentino prevê um imposto de 30% sobre a compra de divisas para poupança, entre outras medidas incluídas em uma lei de emergência, com a qual pretende o mais rapidamente possível “resolver a crise social e econômica” do país.
O imposto começará a ser aplicado assim que o Congresso aprovar essas medidas enviadas para o Parlamento nesta terça-feira (17).
“Procuramos tranquilizar a economia argentina”, disse o ministro da Economia, Martín Guzmán, em entrevista coletiva para apresentar o projeto de Solidariedade e Reativação Produtiva, com o qual o presidente peronista Alberto Fernández pretende dar uma guinada radical na economia.
A prioridade é que “a Argentina pare de recuar e proteja aqueles a quem não podemos pedir mais esforço”, disse o ministro, muito crítico do governo do liberal Mauricio Macri, que deixou a economia argentina em recessão, com uma queda estimada em 3,1%, inflação em torno de 55%, pobreza em torno de 40% e desemprego em 10,4%.
– “Não há dólares” –
O governo anunciou que aumentará os impostos sobre as exportações agrícolas e tributará em 30% as compras no exterior com cartão de crédito e as viagens ao exterior, assim como as operações com meios eletrônicos que envolvam pagamentos em dólares, como a assinatura da Netflix.
Nesta terça-feira, o ministro acrescentou que um imposto de 30% também será aplicado à compra para entesouramento.
“Não há dólares”, disse o ministro argentino. “Precisamos desencorajar a poupança em uma moeda que não produzimos”, explicou.
A grande maioria dos argentinos poupa em dólares e grande parte deles está no exterior. De acordo com o último balanço do Banco Central, as reservas internacionais são de 43,7 bilhões de dólares. No final do ano passado, eram cerca de 66 bilhões de dólares.
No ano passado, o peso argentino foi desvalorizado em quase 40%.
“Cerca de 70% da arrecadação de impostos será usada para financiar a Seguridade Social, e 30%, para infraestrutura e moradia”, disse Guzmán.
“Precisamos recuperar nossa moeda”, afirmou o aluno do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz.
Segundo o ministro, será mantido o limite de câmbio imposto por Macri no final de seu mandato com um limite mensal de aquisição de US$ 200.
“A economia precisa se tranquilizar”, frisou.