Opinião
O começo do fim da UNITEL
A Unitel mais que uma empresa de telecomunicações, é sem margem para questionamentos, das maiores empresas de Angola. Isso fica evidente pela quantidade de empregos que gera, directos e indirectos, mas não apenas isso, a qualidade dos mesmos deve ser tida em conta e realçada.
A UNITEL, tal como a grande parte das empresas de Isabel dos Santos é um grande empregador. Mas mais que um grande, é um bom empregador! Aliás, por isso, tiro o chapéu, faço vénia e admito respeito a Isabel dos Santos.
São minimamente conhecidas as condições em que a Unitel surgiu e todo o ambiente envolta que de resto permitiu o grande e rápido crescimento da empresa, sem tirar mérito a gestão da mesma, que pressuponho ser feita por profissionais competentes, não ignoro o facto de o ambiente proteccionista quase que paternal e o todo apoio do Estado quer na eliminação da possibilidade de concorrência propriamente dita e outros, ajudou, e quase que apenas deu a Unitel esse caminho, crescer. E crescer rápido: em clientes, negócio, dinheiro! – Não é por acaso que para muitos, foi a Unitel dos principais itens para a ascensão de IS ao mundo dos ricos.
Mas como se costuma dizer, tudo tem o seu tempo, e parece que o tempo da UNITEL chegou! É que desde a chegada de JLO a pasta mais importante do Estado, Isabel dos Santos tem estado a ver a vida complicada; Vejamos: Saída da Sonangol, com contornos de humilhação e descrédito;
Anulação do contrato referente a sua Atlantic e o porto da barra do dande; não muito tempo depois, a notícia de que a Sonangol sai da UNITEL, anunciando que vai vender a sua participação na empresa.
Podemos estar a ser exageradamente pessimistas, afinal a Unitel tem história. Tem todo um caminho feito, e portanto, não vai desmoronar de um dia para outro por causa da saída de um accionista. É racional e aceite que se pense assim, mas não podemos deixar de pensar que sendo este accionista a Sonangol, a Unitel não perde apenas um accionista, perde um músculo financeiro e certamente algum peso da sua influência interna e mesmo externa. E para adicionar mais “açúcar” a ideia do começo do fim da grande Unitel, tem facto de estar a vista a vinda de um novo player para o sector, que vai como é natural, disputar o mercado com a mesma.
Pode parecer meio arcaico estar a vaticinar o fim de uma empresa por esta simplesmente perder um accionista, e é. Mas a forma como a Unitel está e domina o mercado é igualmente arcaica. E tudo por causa do proteccionismo que numa economia de mercado não devia existir. Pode-se também pensar em injustiça, afinal tem sempre a Movicel como concorrência…, mas se pensarmos um pouco mais, logo vemos que não. E os motivos são vários. Tão vasto o universo de motivos que atiram a Movicel para fora da capacidade de concorrer com a Unitel, que daria para outro texto, igual ou maior que este.
Portanto, como dito acima, podemos estar a esticar muito a corda, podemos estar a ser arcaicos, mas certamente começa o fim da UNITEL: Como empresa protegida, como empresa detentora do monopólio telecomunicações em Angola e certamente como maior família de Angola. A Unitel finalmente (feliz ou infelizmente) será só uma empresa, que tem que se adaptar ao mercado e lutar pela manutenção da posição que alcançar. O que será interessante pelo simples facto de nunca ter tido necessidade de o fazer.