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“Combate sério e inclusivo à corrupção resultaria no desaparecimento do MPLA”, diz político

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Analistas políticos dizem que o combate à corrupção é uma arma oportuna de vingança de João Lourenço contra a família do ex-presidente José Eduardo dos Santos e outras figuras próximas de si, e que não tem sido inclusivo e transparente.

 Em exclusivo ao Correio da Kianda, os políticos Sapalo António e Manuel Armando da Costa “Ekuikui” e o activista cívico Benedito Jeremias Dali “Dito Dali”, disseram que o Presidente da República, João Lourenço, usa o combate à corrupção como estratégia de afastar politicamente os adversários dentro e fora do MPLA.

O economista e antigo presidente da bancada parlamentar do PRS, Sapalo António, diz que o combate à corrupção foi uma estratégica com finalidade eleitoralista.

“O combate à corrupção, na sua concepção estratégica, tinha a finalidade meramente eleitoralista, porque um corrupto, um gatuno, enfim, um criminoso, nunca poderia autocondenar-se”, disse, e acrescenta que, “de maneira nenhuma, o governo do MPLA sob liderança de João Lourenço, teria a moral de se combater”.

Sapalo António reafirma que, caso a proposta funcionasse, levaria ao desaparecimento o partido no poder:

“Um combate sério e inclusivo à corrupção resultaria no desaparecimento do MPLA, sendo o MPLA o autor material e moral”. Para o economista, a única verdade deste episódio, é a “oportunidade de João Lourenço se vingar de José Eduardo dos Santos por razões pessoais”.

O dirigente do PRS é de opinião que em relação à empresária Isabel dos Santos, “não se trata de perseguição política, nem pode ser, porque não existem razões, sendo ambos do mesmo partido, comungando a ideologia comunista”. E diz, que ocorre sim, “a perseguição, no âmbito de vingança, por razões provavelmente de ocorrências pessoais”.

Bandeira de campanha

O jurista e deputado, Manuel Armando da Costa Ekuikui “Nelito Ekuikui”, diz que o combate à corrupção é uma bandeira de campanha de João Lourenço, que fracassou do ponto de vista material, mas avançou do ponto de vista formal.

“Do ponto de vista formal fez-se um discurso que permitiu acreditarmos que era possível minimizar este cancro que vai arruinando o nosso país. Os discursos alcançaram os seus objectivos de resgatar a popularidade ao seu partido, desacreditado pelos angolanos e a comunidade internacional”, acredita e avança que mas, contudo, “o combate a corrupção não avançou, porque o Presidente da República está a usar a justiça para amedrontar e afastar no seio de seu partido e do país adversários políticos, quer ao nível do congresso quer ao nível do próprio país”.

Nelito Ekuikui disse ainda que “o maior problema está no próprio sistema que precisa ser repensado nos termos da constituição, nós temos instituições pouco credíveis que andam ao reboque do poder político”, afirma e reforça: “as instituições precisam ser credíveis”.

O político disse que, na perspectiva do seu partido UNITA, “o dinheiro que for resgatado deveria se criar um instituto de combate a pobreza, e, por fim, far-se-ia  um investimento que daria emprego aos jovens”.

Tolerância zero

Para o activista cívico do processo “Quinze mais duas (15+2)”, Benedito Jeremias Dali “Dito Dali”,  o governo angolano não deve negociar com os cidadãos que desviaram fundos e bens ao Estado.

“No meu entender, o Estado angolano não deve negociar com a Isabel dos Santos e os demais”, porque, segundo ele, “quando saquearam o erário público não negociaram com o Estado e nem com o povo angolano”.

Dito Dali apela ao Estado, que recupere todos os bens dentro e fora do país, para que venha beneficiar os próprios cidadãos.

O activista também é de opinião da restituição da credibilidade das instituições de justiça para que o combate à corrupção seja sério e credível.

“Para que o cidadão tenha outra percepção das instituições, é necessário que o combate à corrupção seja feito de forma energética, com maior responsabilidade, honestidade, seriedade, coragem e com base na lei, para que as instituições venham ganhar maior credibilidade”.




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