Crónica
Com a força da coragem que continua
O ano chega ao fim e, tal como a fumaça do charuto nas mãos firmes daquele velho líder britânico da imagem, também nós observamos os nossos dias a dissiparem-se, deixando para trás marcas, batalhas, vitórias, fracassos e, acima de tudo, lições. Em Angola, onde cada amanhecer é uma luta e cada anoitecer uma vitória silenciosa, o fim do ano não é apenas o encerramento de um calendário. É um momento de reflexão profunda, de balanço e de reafirmação da nossa coragem colectiva.
O rosto do líder na imagem transmite um recado simples, mas poderoso: o sucesso nunca é definitivo, o fracasso nunca é fatal. E, se olharmos bem para a nossa realidade, percebemos que isto tem muito a ver connosco.
O angolano sabe o que é cair e levantar-se, perder e recomeçar, sonhar e insistir. No mercado informal, onde se constrói riqueza a partir do nada; nas administrações, onde se luta por serviços melhores; nas salas de aula, onde professores seguram o país com giz e esperança; nos municípios, que procuram reinventar-se; nas famílias que, com pouco, constroem tudo.
O verdadeiro sucesso não está no topo do monte. Está no acto de continuar a subir.
Em 2025 aprendemos que as maiores batalhas não se travam apenas contra as dificuldades económicas, sociais ou políticas, mas também contra o desânimo. Contra aquela voz interna que diz “já chega”, quando o país e os nossos sonhos ainda precisam de nós.
Este final de ano convida-nos a um gesto simples, mas profundo:
Respirar fundo, olhar para trás com gratidão e para a frente com determinação.
Se 2025 trouxe desafios, foi apenas para testar a robustez do nosso carácter. Se trouxe quedas, foi para nos ensinar novos caminhos. Se trouxe vitórias, que estas não nos acomodem. E se trouxe dores, que estas se transformem em combustível para a caminhada.
A verdade é esta: Angola está a mudar. Devagar, às vezes com tropeços, outras vezes com acelerações inesperadas. Mas está a mudar. E essa mudança precisa de gente com coragem. Gente que se levanta todos os dias como se erguesse uma bandeira. Gente que, mesmo cansada, acredita. Gente que faz do improvável uma oportunidade.
Neste final de ano, deixo-lhe esta mensagem:
Não pare. Não desista. Não se envergonhe das quedas, mas orgulhe-se da sua capacidade de continuar.
O próximo ano não será mágico. Será construído.
E será construído por pessoas como o angolano: resiliente, firme, criativo, trabalhador, sonhador e, acima de tudo, corajoso.
Que 2026 nos encontre de pé, com o mesmo gesto de vitória da imagem:
Dois dedos erguidos, não apenas como símbolo de triunfo, mas como prova de que, apesar de tudo, continuamos aqui, prontos para mais um capítulo.
Porque, no fim de contas, o que realmente conta é a coragem de continuar.
Feliz final de ano.
Feliz recomeço.
Feliz coragem.