Ligar-se a nós

Mundo

China ‘sem’ medo, mas com noção de que os EUA podem estar a caminho…

Publicado

em

Em 2013, citado pelo The Daily Squib, Henry Kissinger, antigo secretário de Estado dos EUA, entre 1973 e 1977, anteviu uma “guerra grande” entre Washington e Pequim. E em 2020, à Bloomberg, advertiu que as duas superpotências estavam “rumando em direcção ao conflito”, reduzindo as suas “diplomacias de forma combativa”. Entretanto, no dia 5 de Março deste ano de 2025, talvez cansado de fingir ou de manter uma postura serena, o ‘Dragão Vermelho’ partiu para o ataque sinalizando que está pronto “para lutar” em “qualquer tipo” de guerra contra os EUA.

Uma confrontação militar entre os Estados Unidos da América e a China parece emergir sem a possibilidade de um recuo, um confronto que, ao ter lugar, poderá estremecer o mundo, tendo em conta o poderio militar e económico das duas Nações.

E se olharmos para a actual postura externa norte-americana, de aproximação aos russos em claro desprezo para com os seus parceiros europeus e da NATO, fica-se com a sensação de que Washington não se importa em partir sobre Pequim de forma isolada, contrariamente ao que tem optado nas últimas guerras que vinha travando sobretudo no Médio Oriente.

Aparentemente, o possível eclodir de uma guerra entre os EUA e a China tem como mote o tratamento comercial que os chineses dão aos americanos, estes que se veem forçados a ter que impor tarifas comerciais, mas para diferentes estudiosos internacionais, há razões de geopolítica por detrás dessa aparente iminente guerra.

Como nunca, o Governo de Xi Jinping disse, através de uma mensagem republicada pela Embaixada chinesa em Washington, que “se é guerra o que os EUA querem, seja uma guerra tarifária, uma guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra” estar pronto “para lutar até o fim”.

A posição chinesa de prontidão para qualquer guerra contra os norte-americanos foi manifestada depois de o gigante asiático ter retaliado os norte-americanos com tarifas de 10% a 15% sobre produtos agrícolas dos EUA, em resposta às tarifas da nova Administração norte-americana.

E se Pequim diz-se pronto para a guerra, Washington, que vem travando vários conflitos militares não podia estar menos preparado. Isso mesmo fez saber o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, igualmente na quarta-feira.

Em entrevista à Fox News, Hegseth sublinhou a necessidade e importância de se ter uma força militar para dissuadir um conflito. “Aqueles que desejam a paz devem se preparar para a guerra”, disse o secretário de Defesa, tendo destacado os esforços de modernização das Forças Armadas dos EUA.

Entre outras coisas, Hegseth alertou que o mundo é perigoso e que países poderosos com ideologias diferentes estão aumentando rapidamente seus investimentos em defesa e tecnologia, visando tão somente substituir os EUA como potência global.

De referir que depois dos EUA, a China tem o segundo maior orçamento militar do mundo, com 245 bilhões de dólares, mas é ainda muito menor do que o dos EUA, que ascende aos 880 biliões de dólares.

O que previu Kissinger

Uma guerra entre os EUA e a China “vai mesmo acontecer”, de acordo com a perspectiva apresentada em 2013 por Henry Kissinger (já falecido), antigo secretário de Estado dos EUA, entre 1973 e 1977.

Então citado pelo The Daily Squib, Henry Kissinger anteviu uma “guerra grande”.

“Se você não consegue ouvir os tambores da guerra, você deve ser surdo (…). Controle o óleo [petróleo] e você controlará as nações, controle os alimentos e você controlará as pessoas”, dissera.

“Os Estados Unidos estão rendendo a China e Rússia, e o último prego no caixão será o Irão, que é, claro, o principal alvo de Israel”, acrescentara Kissinger.

O antigo maestro da política externa norte-americana disse ainda na ocasião, que foram os EUA que permitiram a China aumentar a sua força militar e a Rússia se recuperar da sovietização, para dar-lhes uma falsa sensação de valentia.

“Isso vai criar uma morte em conjunto mais rápida para eles. Somos como o atirador de precisão (…). A guerra que virá será tão grave que só uma superpotência pode ganhar, e essa somos nós companheiros. Daí porque a UE está com tanta pressa em formar um completo super Estado, porque eles sabem o que está chegando e, para sobreviver, a Europa terá de ser um estado todo coeso. Seu caráter urgente me diz que eles sabem muito bem que o grande confronto está sobre nós”, destacou.

Os EUA podem perder diante da China?

Quase dez anos depois de Henry Kissinger ter referido que prevê uma guerra entre os EUA e a China, e que o seu país seria o vencedor, precisamente em 2021, alguns estudiosos tiveram uma análise menos optimista que Kissinger, e anteviram mesmo uma derrota norte-americana.

Por exemplo, Christian Brose, um reconhecido analista militar, citado por diferentes websites, disse que, num passado recente, os Estados Unidos travaram guerras de logística pesada, em que navios, tropas e equipamentos precisavam de várias semanas para se formar antes do conflito real se iniciar. E ressaltou que a estratégia militar chinesa e os recursos tecnológicos actualmente se concentram em impedir que isso aconteça.

Para o estudioso e autor de vários livros sobre guerras, se eclodisse uma guerra, os ataques chineses tentariam neutralizar as forças convencionais estadunidenses antes que elas pudessem se posicionar. De acordo com a sua apreciação, mísseis hipersônicos chineses que viajam a 6.200 km por hora — mais de cinco vezes a velocidade do som — alcançariam os porta-aviões estadunidenses e as operações baseadas em terra nas primeiras horas de guerra.

Enquanto esses ataques estivessem em andamento, as bases avançadas dos Estados Unidos em lugares como o Japão e Guam seriam atingidas por ondas de precisos mísseis balísticos e de cruzeiro… na perspectiva do analista, [isso] faria crateras nas pistas de pouso, explodiria centros de operações e tanques de armazenamento de combustível e tornaria inoperantes essas bases avançadas dos Estados Unidos.

Portanto, independentemente de quem possa/pudesse vir a vencer no campo de batalha, uma guerra entre essas duas superpotências seria devastadora para o mundo, face ao seu impacto na produção de alimentos, além de provocar anarquia em diferentes partes do mundo.




© 2017 - 2022 Todos os direitos reservados a Correio Kianda. | Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.
Ficha Técnica - Estatuto Editorial RGPD