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“Censo 2024 pode comprometer a integridade dos dados”, diz UNITA

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O primeiro-ministro do governo sombra da UNITA, Raul Tati, disse este sábado, 30, que o Censo Populacional 2024 em Angola “foi um descalabro”, devido aos constrangimentos registados que comprometem a sua integridade, e que o processo foi um expediente para “manipular dados populacionais” com fins eleitorais.

Segundo disse, o processo registou vários transtornos, começando pelo adiamento do arranque do mesmo, inicialmente previsto para 19 de julho, mas com início em 19 de setembro, e término a 19 de outubro, posteriormente prorrogado para 19 de novembro.

Para a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição), o Recenseamento Geral da População e Habitação 2024, processo que decorreu de 19 de setembro a 19 de novembro, registou “atropelos que podem comprometer extensivamente a integridade dos dados”.

 “Esses transtornos resultam de um deficiente processo preparatório que condicionou logo à partida o início da operação”, disse o político em conferência de imprensa sobre o processo censitário.

Tati, considerou que a operação “foi manchada por irregularidades, muitas delas inaceitáveis e premeditadas, incluindo declarações contraditórias, por parte dos órgãos responsáveis afins, refletindo, logo de início, falhas e desorganização clamorosas”.

O dirigente da UNITA referiu problemas de ordem técnica, operacional e logística, “apontados pelos técnicos, agentes censitário e cidadãos atentos em todas as localidades do país”, como principais fatores de estrangulamento deste processo.

“O processo de recrutamento de agentes censitários não obedeceu a nenhum critério de transparência e o treinamento posterior dos agentes foi incompleto e basicamente não comportou a formação para a utilização dos ‘tablets’”, declarou.

“Isto, obviamente, estendeu o tempo de entrevista e dificultou a cobertura da área distribuída a cada agente no tempo estabelecido”, notou, salientando que todas as “evidências apontam para o descalabro” do processo.

Pelo país, há relatos de cidadãos que dizem não terem sido entrevistados pelos agentes recenseadores e de residências em que foram apenas afixadas fichas sem qualquer inquérito.

De acordo com Raul Tati, estes “atropelos podem comprometer extensivamente a integridade dos dados, a sua confiabilidade” e podem “influenciar negativamente as entidades responsáveis pela validação dos recursos do censo”.

O político disse ainda ser “inaceitável”, nos dias de hoje, a operação do Censo 2024 sirvir como “mais um expediente administrativo para o regime manobrar e manipular os dados populacionais com fins eleitorais”.

Lembrar que, o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou, em 19 de novembro, que mais de 77% da população do país foi registada entre 19 de setembro e 19 de novembro, e que, até à segunda quinzena de dezembro, vai continuar com a recolha de dados, no formato de repescagem, devido aos trabalhos por concluir em muitas zonas urbanas.




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