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“Cabinda vive um clima de instabilidade até hoje”, denuncia deputado

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O político e deputado pelo círculo eleitoral de Cabinda, Lourenço Lumingo, disse ao Correio da Kianda, nesta segunda-feira, 19, que 19 anos depois do calar das armas no resto do território nacional e, posteriormente, dos acordos de Luena, entre o Governo angolano e os dirigentes da UNITA, que colocava o fim da Guerra em Angola, o “governo angolano transferiu todo material bélico para Cabinda, com intuito de dizimar a FLEC na sua totalidade”.

O parlamentar revelou que devido o poderio bélico do exército angolano, a FLEC foi obrigada a se instalar nos países vizinhos (RDC e Congo Brazaville) depois de perder as suas principais bases militares dentro das matas de Cabinda.

O Governo angolano, ao perceber isto, disse o deputado, terá simulado a paz em Cabinda, forçando um grupo de Cabindas, cujo o seu líder, estava a ser procurado pelo governo norte-americano pelos actos de terrorismo, “obrigando-os a assinar acordos de paz que aconteceu no Namibe, em troca de cargos no aparelho do Estado, na Sonangol, nas embaixadas, por ai a fora. Por sua vez, os ex-Flecs foram obrigados a mostrar as bases militares dos seus colegas que não queriam se render, fazendo com que a FLEC resistente, adoptasse outras táticas militares que duram até hoje”.

Lourenço Lumingo realçou que actualmente por falta de apoio externo, a FLEC dividiu-se em pequenos grupos que vão fazendo pequenas acções na linha fronteiriça entre Cabinda e os dois Congos.

O também activista cívico e defensor dos direitos humanos revelou que “hoje, nos municípios do interior de Cabinda, existem aldeias altamente militarizados ou melhor, existem mais tropas do que civis, e isso faz com que os aldeões abandonem as suas zonas de origem para se instalar nas sedes municipais onde se sentem mais seguros.

“As tropas fazem e desfazem nessas áreas, as moças que aí vivem são intimidadas caso não aceitem se envolver com um militar, principalmente os comandantes, muitos filhos órfãos de pais vivos no Mayombe tudo porque as miúdas muitas vezes ficam grávidas, depois de um tempo, as tropas são transferidas, ficam incomunicáveis”, confidenciou.

Em conversa com o nosso jornal, o deputado lamentou também pelo que passam os caçadores da zona do Mayombe, segundo o poliúrico, os caçadores são os outros que passam por muitas dificuldades, quando são apanhados com uma arma artesanal, são acusados de FLEC’s, maltratados, espezinhados e muitas vezes mortos. Portanto, são várias situações graves contra direitos humanos que se passa no Mayombe. ”Por tanto, a guerrilha ainda é uma realidade em Cabinda”, alertou.

“Muitas vezes, quando há ataques, as tropas angolanas invadem até as fronteiras das Repúblicas vizinhas a procura da FLEC, invadem os centros de refugiados na RDC e assassinam todos que são suspeitos como FLEC. Portanto, essa forma de intimidação, assassinato de querer resolver o caso Cabinda não dá certo, pelo contrário, só aumenta a resistência, continuou.

O deputado sem inscrição parlamentar apela ao executivo angolano a dialogar mais: “É necessário o diálogo pacífico e inclusivo. É a única forma que existe para o calar das armas de uma forma definitiva nesta parcela do território nacional”.

Cabinda é uma das 18 províncias de Angola, sendo um enclave limitado a Norte, a Leste e a Sul pela República do Congo, e a Oeste pelo Oceano Atlântico.

Apesar desta província estar fora das fronteiras do território geográfico de Angola, pertence ao país. A capital da província de Cabinda é a cidade de Cabinda, conhecida também com o nome de Tchiowa. Uma grande parte do petróleo exportado por Angola é extraído em Cabinda.

Radio Correio Kianda




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