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Cabinda: padre católico critica silêncio da CEAST sobre as injustiças sociais no enclave

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A Igreja Católica no enclave de Cabinda mostra-se preocupada e critica ao silêncio da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, sobre os problemas de injustiça sociais naquela parcela do território nacional, com destaque para as mortes que acontecem na zona do Maiombe, onde de acordo com o Padre José Mbuca, acontece acções de brutalidade.

A preocupação foi manifestada pelo padre José Mbuca, assistente da Comissão de Justiça e Paz afecta à Diocese de Cabinda que acusa os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) de insensibilidade em relação ao conflito armado no enclave e de se terem relegado ao silêncio face às mortes de cidadãos que ocorrem nas matas do Maiombe, devido ao conflito que opõe as forças governamentais à Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), conforme noticiou a Voz da América, nesta terça-feira, 08 de fevereiro.

“Aqui falar da justiça é um bolo intocável. Basta tocar já tens logo problemas, e por vezes te vêem logo como sendo um inimigo. Muitas vezes até tentam perseguir as pessoas que lutam por uma sociedade mais justa e os mesmos sofrem também outras injustiças, por falarem sobre a justiça. São perseguidos, ameaçados e por vezes presos injustamente”, disse.

Estes problemas, de acordo com o sacerdote, não encontram acolhimento das autoridades governamentais, pois os projectos políticos concebidos para atender as preocupações da população local são engavetados por falta de sensibilidade política.

“As populações são impedidas de frequentar as lavras, o que lhes deixa condenada à morte”, alerta.

Os “actos de injustiça” apontados pelo sacerdote estão relacionados com o facto de os Bispos da CEAST fazerem pronunciamentos públicos sempre que situações de injustiça ocorrem em outros pontos do país, o que não se verifica com as recorrentes situações de injustiça sociais que vêm ocorrendo nas matas do Maiombe.

Referiu ainda que mesmo quando denunciadas essas injustiças, “da parte da Comissão Episcopal de Angola São Tomé tem se verificado um silêncio total, como que somos, muitas vezes, abandonados à nossa própria sorte”.

O padre Mbuca dá como exemplo o massacre do Cafunfo que mereceu pronunciamento dos bispos da CEAST, quando sobre as situações de injustiça e em Cabinda não recebem pronunciamento dos Bispo da Conferência episcopal angolana.

O coordenador da Comissão de Justiça, Paz e Migrações da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, Padre Celestino Epalanga, que encabeçou, recentemente uma delegação que se deslocou à Diocese de Cabinda para uma visita de trabalho disse que a CEAST tomou nota das preocupações apresentadas pelo padre José Mbuca.

“A igreja continua a ser sal da terra e luz do mundo e se a igreja deixar de fazer o seu papel, de cumprir a sua missão então o mundo fica sem sabor e o mundo andará nas trevas. O mundo andará nas trevas porquê a igreja é consciência crítica da humanidade, é a reserva também, moral da sociedade… em todas as dimensões”, referiu

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