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Brasil: Jornalista do The Guardian desaparecido na Amazónia
Um jornalista britânico, colaborador do The Guardian, está desaparecido desde ontem, na Amazónia, quando se deslocava para uma comunidade indígina de Indios, para um trabalho jornalístico. O profissional estava acompanhado de um funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) que servia de guia.
A notícia do sobre o desaarecimento dos dois homens está a ser noticiado em todo o mundo, depois do órgão britânico ter relatado que estava preocupado a procura para localizar o seu colaborador.
O jornalista britânico Dom Phillips e o servidor da Fundação Nacional do Índio, Funai, Bruno Araújo Pereira, desapareceram quando se deslocavam de barco pelo rio Itaquaí, entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, após uma visita à Terra Indígena do Vale do Javari (Amazonas), território que tem sofrido com invasões de caçadores, pescadores e madeireiros, noticia a BBC de Londres.
Os indígenas relataram que os dois se deslocaram para fazer uma visita a uma equipa de vigilância indígena, para que o jornalista conhecesse o local e fizesse algumas entrevistas com indígenas que vivem na área, que nos últimos anos está a ser atacada constantemente por mineradores ilegais, madeireiros e invasores.
A Unijava frisou que indígenas experientes realizaram buscas no rio e na área em que os dois desapareceram depois de notar que eles sairam de São Rafael, mas não chegaram ao local previsto em Atalaia do Norte.
Numa nota divulgada esta tarde, a Polícia Federal do Brasil informou que já está a acompanhar e a trabalhar “no caso referente ao desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian”.
“As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, acrescentou a polícia brasileira.
A organização confirmou que o funcionário da Funai e colaboradores da Univaja que atuam na região estão a ser alvo constante de ameaças pelo seu trabalho contra invasores, pescadores, mineradores e madeireiros.
“Enfatizamos que na semana do desaparecimento, conforme relato dos colaboradores da Unijava, a equipa recebeu ameaças em campo. A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas e demais membros da equipa técnica da Unijava, alem de outros relatos já oficializados para a Polícia Federal, ao Ministério Publico Federal em Tabatinga”, conclui o comunicado.
Numa notícia sobre o desaparecimento do seu colaborador, publicada no ‘site’, o jornal britânico cita um porta-voz da empresa, um porta-voz da Guardian News & Media: “O Guardian está muito preocupado e procura urgentemente informações sobre o paradeiro e o estado do senhor Phillips. Estamos em contacto com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar estabelecer os factos o mais rapidamente possível”.
O Vale do Javari é a região com a maior concentração de povos isolados do mundo.
De acordo ainda com comunicado do grupo indígena Univaja, Phillips e Bruno partiram na semana passada de barco para uma região conhecida como Lago do Jaburu, tendo chegado ao seu destino na noite de sexta-feira.
Por volta das 6h de domingo, após dois dias de reportagens, eles teriam retornado ao rio para chegar até Atalaia do Norte, num trajecto que dura menos de três horas. Entretanto, depois de perceber que mais de três horas havias se passado e os dois não tinham chegado, um grupo de busca foi enviado por volta das 14h, tendo alertado as autoridades sobre o desaparecimento dos dois.
Quem é jornalista Dom Phillips?
O jornalista britânico é um veterano na cobertura internacional. Ele já foi colaborador dos jornais “Washington Post”, “The New York Times” e “Financial Times”, e está no Brasil há aproximadamente 15 anos.
Segundo o jornal do qual era colaborador, Dom Phillips é conhecido por seu amor pela amazônica e viajou muito pela região para relatar a crise ambiental brasileira e os problemas de suas comunidades indígenas da zona.
Ele é natural do condado de Merseyside, região onde fica a cidade de Liverpool, no noroeste inglês e fixou residência no Brasil em 2007.
De acordo com amigos, Phillips se aventurou no mundo da música antes de se tornar jornalista.
Além de seu trabalho como jornalista, o inglês está escrevendo um livro sobre a floresta amazônica e sua autossustentabilidade quanto às chuvas.
Segundo um colega de trabalho, este projeto é apoiado pela Fundação Alicia Patterson, sediada na Bahia, onde Dom mora atualmente.
“Amazônia sua linda”, escreveu o jornalista na semana passada no Instagram ao lado de um vídeo onde estava em um barco na região.