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Boris Johnson demite-se e agrava crise do Governo britânico

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O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico demitiu-se esta tarde, aumentando a instabilidade no Executivo de Theresa May. Boris Johnson abandona o Governo horas depois de idêntica decisão do seu colega com a pasta do Brexit, David Davis. Também o vice deste, Stephen Baker, apresentou a demissão.

É possível que o êxodo não tenha terminado, uma vez que a imprensa britânica dá conta de rumores de movimentações no Ministério do Comércio Internacional, cujo titular, Liam Fox, formava com Johnson e Davis um triângulo de responsáveis máximos pela saída da União Europeia. Até agora Fox não falou.

Davis deixou claro que não pretendia, ao demitir-se, criar qualquer crise de Governo. Afirmou mesmo que May é “uma boa primeira-ministra”. A saída de Boris Johnson do Executivo muda tudo: ao contrário de Davis, o agora ex-chefe da diplomacia é um sério aspirante ao lugar de May, sendo esta sua ambição um dos segredos mais conhecidos do Reino Unido. Visto como potencial aspirante em 2016, após a demissão de David Cameron na sequência do referendo sobre o Brexit, acabou por não avançar, após duras críticas de companheiros de partido.

As renúncias dos ministros surgem na sequência da proposta de May para o Brexit, resultante de uma reunião muito complicada na sua residência de férias, em Chequers, sexta-feira. Embora aparentasse ter alcançado um acordo, o Governo do Reino Unido encontrava-se profundamente dividido. Johnson terá mesmo descrito os planos da primeira-ministra como “polir um cagalhão”.

Johnson, ex-presidente da Câmara de Londres, foi um membro destacado da campanha pela saída da UE. A reação de Downing Street à sua saída foi lacónica: “Esta tarde, a primeira-ministra aceitou a demissão de Boris Johnson como ministro dos Negócios Estrangeiros. O seu substituto será anunciado em breve. A primeira-ministra agradece a Boris pelo seu trabalho”.

May tinha agendado uma reunião com a bancada parlamentar do Partido Conservador esta tarde, pelas 17h30. Vários deputados criticaram a primeira-ministra pelo acordo anunciado, o qual exigia aos membros do Governo que passassem a falar em uníssono, requisito inexistente até à data relativamente ao Brexit. Baker classificou de “infantil” o tratamento reservado por May aos membros do Executivo.

Demasiadas cedências, acusam eurocéticos

Do encontro de Chequers resultou a ideia de propor a Bruxelas a criação de uma zona de comércio livre entre o Reino Unido e os 27 sob regras comuns no que toca a produtos industriais e agrícolas, muito semelhantes às que atualmente vigoram. O plano mantinha 12 “princípios-chave” para a saída da UE, entre eles a data (29 de março de 2019), o controlo das fronteiras, o abandono da jurisdição do Tribunal de Justiça Europeu ou a manutenção da fronteira aberta entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, mas também entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido.

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