Politica
BAD disponibiliza um milhão de dólares para acudir casos de malnutrição
O Ministério das Finanças e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) assinaram, ontem, em Luanda, um acordo de um milhão de dólares, para atender situações de emergência nutricional a mais de cinco mil crianças dos municípios do Cuito e Nhârea, na província do Bié.
O montante a ser disponiblizado vai reforçar um programa em curso de alimentação terapêutica e suplementar para crianças dos seis meses aos cinco anos de idade. De igual modo, permitirá aprimorar as competências locais para tratar e prevenir situações de insegurança alimentar.
A ministra das Finanças, Vera Daves, agradeceu a oferta e a pronta disponibilidade do Banco Africano de Desenvolvimento em apoiar esta causa e lembrou que o Governo angolano tem se desdobrado com vista a dar tratamento a uma situação que resulta da seca severa que afecta uma parte do território.
“É certo que esta doação circunscreve apenas dois municípios do Bié, mas, ainda assim, é muito bem-vinda, pois vai ajudar a reduzir o tema da insegurança alimentar nestas áreas”, disse a ministra. Segundo a governante, os indicadores de má nutrição aguda apontam para 15 por cento, argumentando que a preocupação foi ainda maior na medida em que as reservas alimentares das famílias se foram esgotando o que agrava esses indicadores.
Vera Daves reconheceu que, num esforço conjunto da SADC, World Vision e agências das Nações Unidas, se constatou que, em termos de vulnerabilidade, segurança alimentar e nutricional, o país regista zonas extremamente mais críticas que outras.
Com base nisso, disse que foram identificadas as províncias de Benguela, Huíla, Bié, Namibe e Cunene como as com mais municípios em que os quadros de insegurança alimentar requerem mais atenção por parte das autoridades.
A ministra das Finanças justificou que foi com base neste pressuposto que o Governo angolano solicitou ao Banco Africano de Desenvolvimento, no sentido de ter acesso ao seu fundo de emergência para dar resposta à crise de segurança alimentar.
“Aproveitou a ocasião para dar uma nota aos parceiros internacionais pelo apoio institucional, financeiro e operacional que têm prestado, para responder à situação de emergência alimentar e sanitária”, frisou, assegurando que se vai continuar a trabalhar de forma articulada e coordenada, no sentido de melhorar os meios de subsistência e fortalecer-se a capacidade local e institucional para tratar e prevenir situações de insegurança alimentar.
O representante do BAD em Angola, Joseph Ribeiro, disse que a malnutrição tem consequências graves no desenvolvimento físico e mental infantil, não só com um impacto social negativo no presente, mas também deixando sequelas que comprometem a capacidade das futuras gerações.
Segundo o inquérito de indicadores múltiplos e de saúde 2015/2016, a prevalência de má nutrição crónica na província do Bié está na ordem dos 50 por cento, substancialmente acima da média nacional, que é de 38.
De acordo com Joseph Ribeiro, este valor está acima do limiar de 15 por cento que representa o limite definido pela Organização Mundial da Saúde, para a declaração de emergência nutricional.
Estes resultados, prosseguiu, são comprovados em estudos subsequentes realizados em 2018, que constataram a existência de uma situação de desnutrição aguda severa em crianças com idades compreendidas entre os seis meses aos cinco anos de idade.
Joseph Ribeiro destacou os esforços do Governo angolano no acompanhamento do desempenho e na execução das operações financiadas pelo BAD, referindo que a instituição financeira continua disponível para prestar o apoio necessário na identificação conjunta de soluções para eventuais desafios que possam surgir na implementação desta operação de emergência, bem como dos projectos de investimento em curso.
C/ JA