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Opinião

Balanço político do ano 2017 e perpectivas para 2018 na visão de Nelito da Costa Ekuikui

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Com apenas 24 horas para terminar, considero  2017 como sendo um ano cujos factos serão difíceis de esquecer. As eleições  gerais de 23 de Agosto e a sucessão  de José  Eduardo  Dos Santos  da liderança  do país serão sem resquícios  de dúvidas  as marcas indeléveis do ano que se vai.

O pleito eleitoral de 23 de Agosto reanimou a esperança de vida melhor do povo angolano. Um povo  que aguenta há mais de 40 anos uma vida de constantes sobressaltos, sobretudo  no âmbito socioeconómico. O espírito  de mudança que a UNITA transmite há anos tocou e de que maneira, os corações  de muitos cidadãos, que sem receio manifestaram (antes,  durante as eleições) a vontade de verem concretizadas as linhas que constituem o GIP (Governo Inclusivo e Participativo). Afirmo de maneira inequívoca que muitos Angolanos neste ano tudo fizeram para que se concretizasse uma transição capaz de proporcionar a cada cidadão o melhor que o nosso solo produz. É curial destacar o papel de Isaías Samakuva, que de modo inteligente soube levar a mensagem de esperança e fé consubstanciada à mudança ordeira e pacífica pretendida pela grande maioria dos mais de 20 milhões de Angolanos, que afirmaram-se prontos para com ele atravessar o rio das lamentações para a construção da margem do progresso e desenvolvimento sustentável, baseado na distribuição equitativa das riquezas. Infelizmente, mais uma vez vimos adiado o sonho de muitos angolanos em detrimento da ambição de alguns que a todo custo procuram tornar-se únicos e legítimos proprietários de um Estado que se quer plenamente democrático e de direito. É fundamental realçar que antes e depois das eleições  o líder da UNITA soube encarar os eventos e de modo inteligente soube ainda conduzir os angolanos que de modo frenético clamavam pela mudança. A título de exemplo, como um grande líder Samakuva na fase derradeira do processo desempenhou um papel de suma importância (contendo os nervos da população que viu mais uma vez defraudado os seus nobres objectivos), com tamanha prudência, o líder soube acalmar os ânimos da população emperrando deste modo o regresso ao passado fatídico do qual ainda muitas famílias choram. Não foi uma tarefa fácil,  mas sabiamente o líder recorreu à uma história bíblica de sabedória, “protagonizadas por duas mulheres que lutavam pela maternidade de uma criança e para resolução do conflito recorreram ao Rei Salomão e este por sua vez, teve de buscar ajuda Divina”. A prudência do presidente Samakuva serviu de sustentáculo para a preservação da paz alcançada há 14 anos.

 Sucessão de José Eduardo dos Santos

O país ganhou um novo discurso político, embora subjacente à mesma matriz ideológico-partidária, é no entanto um discurso que estabelece um ruptura com o passado e afigura-se promissor. Todavia, o referido discurso ainda não passou de mera retórica carregada de algum sentimentalismo visando ludibriar mais uma vez o povo sofredor. 

Se estabeleceu o discurso de combate à corrupção e as más práticas que afundaram o nosso país. Entendo que sejam apenas discursos, pois, a prática continua nos sonhos dos angolanos que querem ver os dirigentes que desviaram as verbas canalizadas para o sector da saúde responsabilizados por terem causado a morte de milhares de angolanos na época  em que fomos assolados pela febre a amarela e outras epidemias.

 Temos hoje um Presidente com um discurso que vai ao encontro das expectativas das populações mais carenciadas ( quando a prática urge), assistimos governantes mais próximos do povo (uma aparente governação de proximidade cujo objectivo assenta na reconquista do apoio da população perdido pelo partido que sustenta  o Estado).

As instituições do Estado continuam reféns aos vícios do passado (corrupção, cabritismo, nepotismo e arrogância) são essas e outras práticas que conduziram o país ao fosso da carência  e da vergonha. Não se vê no rosto dos titulares de cargos públicos a vontade de abraçar o novo paradigma de governação que o actual presidente tem estado a ensaiar (também não se pode esperar que o diabo se torne santo). Julgo que não seja hoje que os caminhos vão dar para as ruas da boa governação, todavia, esperar para ver é a recomendação.

 Perpectivas para 2018

 As chuvas de exonerações iniciadas após a tomada de posse do presidente  João Lourenço tendem ser mais intensas se olharmos para os intentos do modelo de governação que se pretende implementar. A tendência é constituir um governo com quadros cujas máculas não sejam conhecidas ou até mesmo tão nodosas. O modelo em emergência pretende deste modo apagar as marcas tristes da governação passada e fazer com que através do discurso  do presidente seja reanimada a esperança “moribunda” de muitos cidadãos. Se João Lourenço pretende marcar positivamente a história de Angola, um dos caminhos a ser seguido é fundamentalmente o que até aqui tem estado a limpar. De outro modo vai ser mais um a passar pela cidade alta como os seus antecessores.

 Perpectivas económicas

 Os anos 2015 e 2016 deram amostras fiáveis de que as épocas subsequentes seriam ainda mais duras e em 2017 todos confirmamos tal dureza. As duras dificuldades económicas concederam alguma robustez a criminalidade, a prostituição e às várias práticas maléficas cujo fim último assenta na obtenção do capital. 2018 vai herdar os mesmos problemas socioeconómicos de 2017 pelas causas já conhecidas como: a exploração, os saques e desvios desenfreados cujas riquezas não foram investidas cá e não voltarão com facilidade. Ainda assim,  faço fé que se estabeleça de facto o novo modelo de governação e que o presidente da República trabalhe afincadamente augurando a melhoria da situação socioeconómica e política do país. Do nosso lado, com amor à pátria e ao povo vamos abraçando cada desafio perspectivando dias melhores para os mais de 20 milhões de angolanos que há muito, clamam pelo bem – estar social, sendo a fiscalização das acções do Executivo a condição primordial para a concretização do referido bem e de outros.

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