Destaque
Bairro S. João no Cazenga sem água e luz há 30 anos
Por Zacarias Fonganito
Parte do quarteirão 8, sector 1-A, na zona 17 do bairro São João, comuna do Hoji Ya Henda, município do Cazenga, em Luanda, carece de fornecimento de água potável e luz eléctrica, há mais de 30 anos, lamentaram ao Correio da Kianda os autóctones aí residentes.
Ora, fazendo fé nas informações em nossa posse, diferente dos moradores citados, boa parte dos habitantes do bairro São João beneficiam do abastecimento de luz eléctrica desde 2008, bem como de água potável (fruto do Programa Água para Todos) desde o final do ano de 2015.
Mas, infelizmente para uns, o fornecimento de água e luz eléctrica não tem chegado a todo o bairro, facto que contrasta, segundo alguns munícipes, com o espírito e a letra do artigo 23º da Constituição da República de Angola, que determina “sermos todos iguais perante a Lei”.
“Vivemos aqui há mais de 30 anos e nunca beneficiámos do fornecimento de água e luz eléctrica. Antigamente, todos acarretavam a água numa conduta que ficava próxima à Congeral (uma fábrica de sabão) e quanto a energia eléctrica, fazíamos ligações ilegais”, contou Enoque Rafael, de 54 anos de idade, residente na zona há mais de 30 anos.
Para o referido interlocutor, o facto de as instituições do Estado responsáveis pelo abastecimento de água e energia eléctrica terem fornecido os referidos serviços em parte do bairro, ao invés de o fazerem no seu todo, cimenta a ideia de que o actual Executivo promove políticas de exclusão.
“Pois não consigo perceber qual é a diferença entre mim e o vizinho Pedro do outro lado. Eu não tenho energia, nem água. Tudo isso ele (vizinho Pedro) tem, o meu filho quando quer assistir vai à casa dele e quando precisamos de água, temos de acarretar na casa dele ou de outros que vizinhos que, obviamente nos cobram”, lamentou.
No mesmo diapasão, Seja Valentim, também moradora da zona, reclama não só pela falta de água e energia, mas também pelo facto de o governo se revelar incapaz ou sem disponibilidade de os transferir para a zona do Zango, assim como procedeu com outros moradores daquela localidade, antes de realizar obras de asfaltagem na zona.
“Eu acho sensato que se o governo jamais pretenda fornecer esses serviços aqui, devia demolir nossas residências e nos transferir para os Zangos. Nós deste lado também estudamos, aqui vive jovens enfermeiros, professores, da Polícia, DNIC, do SME e também um ou mais jornalistas, no entanto, não compreendo como somos assim menosprezados”, disse.
Entretanto, vale clarificar que os munícipes que se sentem menosprezados e excluídos das políticas levadas a cabo pela administração Dos Santos, do quarteirão 8, na zona 17 do bairro São João, são os que residem à direita da vala do Suroca, para quem vem da zona da cuca à Comarca Central de Luanda (CCL).