Diversos
Bairro Lalula no município do Lubango órfão de políticas do executivo?!
O bairro Lalula existe desde a era colonial. Há dias ouvi um mais velho dizer que vive no bairro desde 1965. Prova exactamente a longevidade dessa localidade .
Como diria o meu falecido avô materno existe desde o tempo das « vacas gordas e não das vacas magras».
O tempo das vacas gordas corresponde ao tempo colonial e as vacas magras o período pós colonial. Talvez tinha razão de sobra o« velhote » para pensar assim!
Provavelmente, pode ser entendido no que o especialista angolano em educação, Laurindo Viera diz em seu livro “ Angola – A Dimensão Ideológica da Educação 1975-1992, que muitos governos autôtenes africanos pós independência se tornaram piores que os governos colonizadores.
Em muitas parte do continente a independência não passou de troca do opressor – saída do estrangeiro/ entrada do autôtene
Voltemos ao nosso assunto. A Lalula é um bairro periférico que está na barba do casco urbano. Infelizmente nem isso tem se traduzido em mais valia para os seus moradores. O bairro tem vários problemas.
Em primeiro lugar, não tem uma administração própria, anda à reboque da administração do Bula Matady. Pela sua extensão já era tempo de ter uma administração. Tem apenas coordenadores de zonas, mas estes, infelizmente, estão mais engajados em trabalhos partidários…
Em segundo lugar, o bairro não tem água canalizada. Nas zona A e B, por exemplo, na era colonial tinha água canalizada, mas anos apôs a independência a água deixou de jorrar nas torneiras. Maior parte ou quase toda linha condutora já não existe. Em algumas casas só restam alguns vestígios como lembrança.
Nas vésperas das eleições gerais 2017, o governo passou de casa em casa assinalando a letra « A» , com a promessa de termos água antes das eleições. O pleito eleitoral passou, hoje, está-se em 2020, nem água vem nem água vai. Era apenas uma finta para caça ao voto. Aliás, isso não estranha. Já disse o Pastor Evangélico Myles Monroe que « a diferença entre os políticos e lideres, é que os políticos preocupam-se com as próximas eleições e os líderes com as próximas gerações».
O pastor Monroe falou concretamente do contexto angolano. Não é preciso ter o ensino fundamental feito, para perceber que o governo só se preocupa com as próximas eleições e nunca com as próximas gerações. Tudo quanto faz visa somente catapultar o voto.
O triste é que no ano passado demoliu o bairro Camazinco e, agora mesmo, em pleno período de confinamento, está fazer o mesmo com o bairro Walia Wenda. Mas não passam cinco anos desde que o governo da Huíla gastou « dinheiro» em projectos de energia pré-pago e água canalizada ao domicílio para esses bairros. O que quer dizer que todo investimento feito nesses dois bairros acaba por cair por terra( salvo má interpretação).
Enquanto na contraposição temos bairros sem água corrente. De acordo ainda com a afirmação de Monroe, acredito que a esta altura, já está a se forjar uma nova finta para os moradores da Lalula, tendo em conta à próximação das eleições autárquicas (ainda sem data) e as gerais que à luz Constituição vigente no país, desde 2010, deve acontecer em 2022.
Em terceiro lugar está o problema das vias de acesso. Por essa altura, maior parte das ruas do bairro estão em mau estado, concretamente, esburacadas. Tanto andar de carro como de motorizada torna-se uma grande odisséia, por conta mesmo do mau estado das vias de acesso. De algum tempo a esta parte, para terem água em casa maior parte dos moradores fazem uma grande ginástica, já que os vendedores de água de camiões- cisternas se recusam entrar nalgumas artérias do bairro para não danificarem suas viaturas; até mesmo os camiões cisternas da direcção provincial de águas não aceitam. Face essa situação, alguns moradores já começaram a se mobilizar para contribuírem com valores monetários que vão de 1000 a 15 mil Kwanzas para fazerem um trabalho de terraplanagem paliativo nas ruas principais do bairro.
Tem razão o jornalista e escritor angolano Domingos da Cruz quando ao considerar Angola « um bairro», só mesmo num bairro é que o povo pega no seu bolso para reparar estradas, enquanto que, quem governa anda à sombra da bananeira. Os problemas aqui relatos são apenas a ponta do iceberg, a Lalula tem tanto outros problemas. Infelizmente sai ano, vem ano e os problemas continuam.