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Opinião

As “jeans” de António Costa

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Nunca antes uma visita de um chefe do Governo português provocou tanto alarido entre Luanda e Lisboa, como aconteceu na passada segunda-feira, 17, com a chegada a Luanda de António Costa, Primeiro-Ministro português.

O líder Socialista chegou ao aeroporto 4 de Fevereiro, sem qualquer cerimónia, trajando uma calça “jeans”, camisa branca, blazer, calçando uns mocassins.

O traje do político, que apesar de ter ido à Angola numa visita oficial, acabou por incendiar as redes sociais, e não só, dos dois países onde chegou mesmo a ser acusado pelos mais extremistas de “desrespeitar os Angolanos”.

Caloroso como sempre, Costa foi recebido com honras de Estado pelo ministro das Relações Exterior de Angola, Manuel Augusto, que vinha vestido a rigor, apesar de Luanda estar a viver naquele dia um feriado nacional, dia em que se comemora mais um aniversário natalício do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.

Segundo soube-se mais tarde, à agenda oficial apenas teria início no dia seguinte, terça-feira, 18. Naquele dia o representante do governo português aproveitou visitar o Museu das Forças Armadas, e concedeu uma entrevista ao canal oficial Angolano, a TPA.

Sendo Angola um país irmão de Portugal, e se tratando de um dia “morto”, os alaridos todos a volta do traje do Primeiro-Ministro português é um não assunto.

Não é aceitável, igualmente, que com tantos assuntos importantes que foram abordados entre as delegações dos dois países, e com o Presidente João Lourenço, à imprensa portuguesa preferiu dar destaque as “calças jeans” de António Costa, que por sinal, até ficaram-lhe muito bem.

Não se justifica, por exemplo, que, sendo Angola um país tropical, onde as temperaturas rondam a maior parte do tempos os trinta e sete graus, os nossos governantes estarem sempre de facto e gravata, e pior, obrigar o pacato cidadão a vestir blazers sempre que se dirige as instituições do Estado. Este episódio deveria dar início a uma outra discussão que há muito é adiada. Porquê os Angolanos são obrigados a usarem trajes formais todas vezes que se dirigem as repartições públicas? Será que aquelas tropas que estavam em parada no aeroporto 4 de Fevereiro no dia em que António Costa desembarcou a Luanda estavam confortáveis nas pesadas fardas que envergavam? Se o carácter de uma pessoa se definisse pelos seus trajes, certamente que Angola seria dos países mais sérios do Continente, quiçá do globo, tal é o número de engravatados que circula todos os dias nos corredores das nossas instituições, e não só.

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