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Eduardo Kuangana deixa PRS 25 anos depois
Delegados ao IVº Congresso Ordinário do Partido de Renovação Social (PRS) escolhem a partir de hoje (segunda) até quarta-feira, quem, entre Benedito Daniel, Sapalo António e João Ngandajina, substituirá Eduardo Kuangana à frente dos destinos da referida formação política.
Ora, os três candidatos que concorrem à presidência do partido são bastante conhecidos não só pelos seus militantes, mas também pelos angolanos em geral. Pois Benedito Daniel é o actual secretário geral do PRS, Sapalo António, secretário para a Economia e Finanças e João Baptista Ngandajina foi ministro da Ciência e Tecnologia no então Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN).
Entretanto, referira-se que, o presidente cessante, Eduardo Kuangana, que é o cabeça de lista e candidato do partido às eleições gerais de 23 de Agosto, não vai concorrer à sua sucessão por motivos de saúde. No entanto, a lei permite que as formações políticas possam trocar de candidato até cinco dias antes da realização das eleições.
Em conformidade, Manuel Muxito, mandatário do PRS às eleições gerais lembrou que cada candidato à liderança do partido tem a sua estratégia de campanha, tendo ainda reiterado que nunca existiu intenção de Kuangana se perpetuar no referido poder interno.
Desafios dos candidatos
Benedito Daniel prometeu desenvolver acções para a coesão, o aumento da credibilidade e visibilidade do partido, maior dinamismo político e tornar o partido numa força política organizada, caso seja eleito presidente. Para a organização do partido, Benedito Daniel, que falava no acto de apresentação do seu manifesto eleitoral, disse que vai propor ao comité nacional e ao congresso a inserção nos estatutos do partido da figura do vice-presidente, criar uma base de dados online para o controlo e registo dos novos membros e promover o empreendedorismo, incentivando os militantes a desenvolverem micro-projectos geradores de fundos.
Benedito Daniel disse que pretende apoiar a institucionalização do estatuto do fundador aos membros que pela sua dedicação se destacaram no desenvolvimento e promoção da imagem do partido, aproximar os militantes e mobilizar os angolanos para “um verdadeiro projecto político para a mudança”.
No concernente ao dinamismo político, o candidato a presidente do PRS disse que vai mudar a forma de fazer política, os métodos de propor ideias e de concretizar os objectivos e projectos, reunir forças para estimular a vitalidade do partido e torná-lo dinâmico e desafiador.
Para a credibilidade e honestidade do PRS, Benedito Daniel pretende manter a sua identidade, ser fiel aos seus ideais e trabalhar para a sua efectivação, bem como cumprir e fazer cumprir os instrumentos legais que regem a vida do partido, fazer uma política honesta, transparente e democrática.
No capítulo da coesão, o candidato disse que pretende reconciliar os membros desavindos. Por isso, apelou aos militantes para apoiarem a sua candidatura: “A dedicação e o trabalho que temos vindo a empreender em prol do partido, sem esperarmos dividendos nem recompensas devem ser premiados com a vitória no dia 31 de Maio”, disse, para acrescentar que o partido precisa de um verdadeiro líder. O candidato garante estar preparado politicamente para conduzir o destino do partido, apesar do ambiente controverso que considera natural. “Achamos aliciante e gratificante este desafio, porque assumimo-lo com o único propósito de servir os militantes, simpatizantes, amigos do PRS e o povo angolano”, disse Benedito Daniel.
Já o actual secretário para a Economia e Finanças do PRS, Sapalo António, esclareceu que o partido nunca foi regionalista, o que considerou uma conotação negativa de que é alvo para descredibilizar o partido e afirmou que, depois do congresso, a direcção será ainda mais forte.
Sapalo António defendeu a construção de instituições republicanas fortes e moralmente comprometidas com o país e com os cidadãos, cujo sistema de justiça garanta a confiança, harmonia, estabilidade e desenvolvimento em todos os sectores.
O político sublinhou ainda que a centralização administrativa do Estado é incompatível com a honra e a dignidade da pessoa humana. Reconheceu que a consagração constitucional das autarquias locais constitui uma das principais conquistas dos angolanos.
Por sua vez, o antigo ministro da Ciência e Tecnologia no então Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, João Baptista Ngandajina, refere que a sua candidatura para a presidência do PRS não surge como uma ambição pessoal, mas como uma necessidade, atendendo que desde 2012, disse, o partido regista uma inactividade dos seus órgãos e estruturas. “Candidato-me por uma causa nobre, que ultrapassa a dimensão do partido: a realização de uma Angola nova, unida e próspera, de que possamos todos nos orgulhar”, justificou.
A candidatura de João Baptista Ngandajina assenta, entre outros propósitos, num programa de reconciliação interna que abranja todos os militantes e simpatizantes do partido. Por isso, defende a reintegração de responsáveis e ex-dirigentes, que, por diversas razões, foram afastados ou saíram do partido. “Hoje muitos dos militantes estão dispostos a regressar, caso a direcção do partido mude”, referiu.
Caso seja eleito presidente do PRS, João Baptista Ngandajina promete conferir ao actual líder, Eduardo Kuangana, o estatuto de presidente honorário, com direitos protocolares a estabelecer em regulamento próprio. Os seus concorrentes, na sua visão, são apenas colegas e amigos com posições divergentes e não adversários, uma vez que a disputa é um exercício democrático e os seus programas complementares.