Economia
Angola precisa mobilizar USD 8,6 mil milhões para atingir objectivos sustentáveis, diz BAD
O Banco Africano de Desenvolvimento estima que Angola necessita mobilizar pelo menos 8,6 mil milhões de dólares por ano até 2030 para conseguir atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis, bem como os compromissos da Agenda da União Africana.
Estes dados foram apresentados nesta sexta-feira, 27, na Faculdade de Economia Dr. Agostinho Neto, pelo Secretário de Estado para Investimento Público, durante o discurso de abertura no Lançamento do Relatório sobre as Perspectivas Económicas para África 2025 “Country Focus Report”.
Ivan dos Santos disse ainda que este défice de financiamento exige, por um lado, inovação nas formas de mobilização de capital e, por outro lado, maior eficácia e transparência na utilização dos recursos sustentáveis. O lançamento deste relatório entre o Governo de Angola e o Banco Africano reafirma seu compromisso com o desenvolvimento assento em evidência, em diálogo e uma visão partilhada. O relatório de Focus tem vindo a reafirmar-se como um instrumento incontornável para a análise rigorosa da realidade econômica dos países africanos.
O Secretário de Estado assegurou que o Executivo angolano tem vindo a dar passos significativos com centralização em reformas e na diversificação da economia, na melhoria do capital humano, “por isso estamos aqui hoje na Faculdade de Economia e na modernização das instituições do Estado”, sublinhou.
Quanto aos investimentos avançou que, há aposta na educação fortemente, na formação técnico-profissional e na promoção da igualdade de género.
“Conscientes de que o futuro de Angola está sobretudo nas competências técnicas e no talento da nossa juventude. No entanto, não ignoramos os desafios que persistem”, vincou.
Para Ivan dos Santos, o crescimento econômico, embora positivo, com uma taxa de 4,4% em 2024, a mais elevada nos últimos cinco anos, não é suficiente para garantir por si só pleno aproveitamento do potencial produtivo. Para inversão do quadro assegurou que tem se feito aposta na redução de constrangimentos significativos que afetam a mobilização de receitas domésticas, na eficácia da despesa pública e na gestão dos recursos naturais.
O Executivo angolano está empenhado em transformar estes recursos em realidade por isso assegura que estão a ser levados trabalhos em curso para valorização dos ativos ambientais, na definição de políticas públicas que conciliem crescimento econômico e,com sustentabilidade.
Por sua vez o representante do Banco Africano de Desenvolvimento para Angola e São Tomé e Príncipe, Pietro Toigo disse que para Angola este relatório aparece com uma ideia de informar, orientar a implementação das políticas econômicas.
“O relatório mostra que, se nós calcularmos todo o capital do país, natural, humano e produtivo, o capital total de Angola é de 361 bilhões de dólares, de 101 mil milhões de dólares, do qual mais ou menos 50% é capital humano e 30% é capital natural”, disse. Continuou dizendo que o capital total em Angola aumentou, mas com alguma dinâmica interessante do ponto de vista da composição, esse aumento do capital deve-se por aos investimentos na hidroelétrica. Já o capital natural, especialmente em termos de florestal Pietro disse que em termos de proteção das costas, diminuiu.
“E, combinado com o crescimento demográfico,diminuiu nos últimos 25 anos. E isso está a apontar algumas preocupações ou alguns pontos de pressão que é importante encarar em termos da gestão mais sustentável, especialmente do patrimônio florestal, mas também mostra algumas oportunidades de investimento no ecossistema e também mostra a importância dos investimentos que foram feitos no campo da energia hidroelétrica,frisou”.
Um dos desafios é monetizar esse capital de forma sustentável. Para o representante residente um ganho imediato seria um investimento no sistema de transmissão e distribuição, que acaso está, neste momento, planejado e implementado na primeira fase.
Pietro defendeu que outras áreas claras de atuação podem ser, a implementação de técnicas sustentáveis agrícolas, especialmente em culturas tropicais, como café, cocô, cacau, que são compatíveis, com a conservação da floresta, ou comercialização da madeira de forma sustentável, ecoturismo, turismo sustentável, que monetiza algumas das capitais naturais de Angola, inclusive a área do Cabango, no território angolano, e também o sector pesqueiro, que neste momento mostra alguns sinais de não sustentabilidade.
O Relatório que é lançado anualmente pelo Banco Africano de Desenvolvimento reflecte o tema e a análise das principais perspectivas económicas africanas (PEA) do Banco Africano de Desenvolvimento a nível nacional, fornecendo análises económicas críticas e opções políticas adaptadas a cada uma das 54 Nações Africanas. O tema da Perspectivas Econômicas Africanas 2025 é “Fazendo com que o Capital Natural de Angola Funcione Melhor para o seu Desenvolvimento”.
No caso específico de Angola, o relatório deste ano fornece uma visão geral detalhada da recuperação macroeconómica do país, dotações de capital natural estimadas em USD 361 biliões de dólares e prioridades estratégicas de desenvolvimento. O relatório retrata uma economia Angolana em recuperação e com um crescimento real do PIB de 4,4% em 2024, contra 1,1% em 2023, impulsionado pelo sector não petrolífero. No entanto, o relatório alerta para a vulnerabilidade da economia em relação aos preços globais do petróleo, às tarifas recíprocas dos EUA e à fraca mobilização de receitas.
E, finalmente o relatório descreve uma agenda de reformas para reforçar a mobilização de capitais, diversificar a economia e promover o crescimento inclusivo.