Economia
Angola gasta por ano 428 milhões de dólares para importar trigo
Angola, o terceiro maior produtor de mandioca em África, depois da Nigéria e o Gana, gasta por ano cerca de 428 milhões de dólares para importar trigo, afirmou este fim-de-semana, em Malanje, Guertha Barreto.
Guertha Barreto, que representava o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), no primeiro Congresso Internacional da Mandioca, ao abordar a visão da FAO para impulsionar a mandioca como alimento do século XXI, reconheceu que o valor gasto na importação poderia ter sido aplicado na produção e industrialização da mandioca em Angola, cujos derivados, como a farinha, podem substituir o trigo.
Só para citar, Angola tem uma produção anual estimada em mais de onze milhões de toneladas de mandioca, sendo as províncias do Uíge e Malanje as maiores produtoras do país.
De acordo com Guertha Barreto, citada pela Angop, além de ser alimento humano, a mandioca serve, igualmente, para o fabrico de ração animal e, como matéria-prima, para uma ampla gama de produtos de valor agregado a farinha, assim como madeira prensada, papel e têxteis, produção de adoçantes, frutose, álcool, gel de amido de alta tecnologia e outros sub-produtos.
“A mandioca é uma cultura verdadeiramente polivalente, que ajuda os países a responder aos desafios do combate à fome e erradicação da pobreza, assim como de promoção da diversificação económica”, disse, acrescentando que a implementação da lei da merenda escolar em Angola constitui uma grande oportunidade, para incorporação da mandioca na alimentação dos alunos, bem como a sua industrialização.
Guertha Barreto reconheceu o trabalho que o Executivo angolano desenvolve para a criação de incentivos ao sector agro-industrial, como a promoção de parcerias público-privadas, medidas de alívio económico resultantes da Covid-19, facilitação de mecanismos financeiros para as famílias camponesas e pequenas empresas, entre outros.
Dizer que o trigo é usado essencialmente para o fabrico de pão e outros alimentos de pastelaria, que podem também advir da transformação da mandioca, caso se aposte na industrialização do tubérculo.
O evento, que termina hoje, reúne os principais intervenientes da cadeia de produção deste tubérculo, com o propósito de ampliar a percepção sobre a importância da mandioca, incentivar a sua industrialização e comercialização, como um produto versátil de múltipla utilização na alimentação humana, ração animal e uso na indústria.
Estão em debate temas como “Promoção e aceleração do desenvolvimento industrial sustentável e inclusivo”, “Estratégia da União Africana na dinamização do desenvolvimento da agricultura” e “Avanços científicos no desenvolvimento das ciências agrárias em Angola”.
Por Pedro Kididi